sábado, 17 de dezembro de 2011

Van Halen: trecho de nova biografia de Eddie

O que segue abaixo é um trecho do novo livro sobre EDDIE VAN HALEN, intitulado EDWARD VAN HALEN: A DEFINITVE BIOGRAPHY.

Por Kevin Dodds
Traduzido por Nacho Belgrande

Capítulo 14
Relações Públicas

A turnê de Diver Down, apelidada de ‘Hide Your Sheep tour’, foi a maior turnê do tipo até hoje com mais de 170 toneladas de equipamento para montar o palco. A turnê não começou até julho – muito mais tarde ano adentro do que as turnês anteriores. No dia 30 de julho, em Louisville, Ed deu uma entrevista de mais de uma hora para o jornalista Jas Obrecht, que ainda estava escrevendo para a revista Guitar Player na época. As fitas completas, sem edição, daquelas entrevistas revelam alguns exemplos impressionantes de como estava a cabeça de Eddie naquele tempo. As fitas foram na verdade roubadas de Obrecht, as únicas dentre mais de 800 entrevistas que ele tinha conduzido. Edward e Obrecht ficaram bem incomodados pelas fitas terem vindo a público pela internet. Jas tentou sem sucesso que a entrevista fosse removida por várias vezes, mas elas não desaparecem, estamos no século 21.

Através de mensagens trocadas com Obrecht, ele permitiu que eu usasse um pouco do que já havia sido perdido. Parte da entrevista transcrita abordava problemas com Dave com uma objetividade que nunca havia sido revelada por 25 anos:

EVH: “Cathedral”, eu a tenho tocado, tipo, por mais de um ano, e eu queria colocá-la em um disco… só que Dave veio com, uhh, Dave disse… ”Chega dessas porras de solos de guitarra.” Entende?

Obrecht: Ele é louco…

EVH: Não, o que quero dizer é que ele – ele está com o ego inflado. Ele sempre esteve… mas uh, ele apenas disse, “Que se foda isso, cara. Chega de solos.” E uh, Ted não sabia que era assim que Dave se sentia. E então um dia quando Dave não estava lá, eu disse, Ted, o que você acha disso? E o que você acha disso outro? Você sabe, eu toquei ‘Little Guitars’, a introdução, o trecho de flamenco, e “Cathedral” e ele manda, “Me Deus! Por que caralhos você não me mostrou isso antes?!” E eu expliquei a ele, Dave apenas disse, “Fodam-se essas merdas de guitar hero, a gente é uma banda.” Então Ted só disse, “Foda-se o Dave.” Então nós a gravamos assim mesmo.

Isso parece corroborar com a história de Valerie sobre como Dave maltratava Eddie depois dele ganhar o prêmio de guitarrista do ano de 1980. Se Dave estava preocupado que Eddie começasse a fazer as coisas a seu modo, em retrospecto ele tinha todo o direito de temer tal coisa.

Antes de eles saírem em turnê, Edward recebeu uma ligação tarde da noite do famoso produtor Quincy Jones que estava produzindo ‘Thriller’ pela maior parte de 1982. Ed a princípio achou que a ligação era um trote e desligou o telefone. O amigo de Eddie, Steve Lukather do Toto, era o guitarrista principal na faixa ‘Beat It’. A certa altura, a ideia era trazer Edward Van Halen para dar um toque único ao poderoso hino de Michael Jackson. O próprio Jackson se esforçou em compor o que ele descrevia como “o tipo de música que eu compraria se eu quisesse consumir rock…era assim que eu a via e queria que os fãs curtissem pra valer – tanto os do colegial como os da faculdade.“

Deram um esboço da faixa para Eddie e sugeriu que novos arranjos fossem feitos para se encaixarem melhor na parte do solo. Ed era verdadeiramente fora de seu habitat no lendário estúdio de Quincy – o completo oposto do estilo Van Halen. Sabe lá Deus quantos canais separados estão na versão final de ‘Beat It’. Mais uma vez, tal como tantas outras vezes antes, entrou pro folclore que o solo tinha sido gravado em um ou dois takes ou montado na mesa com pedaços de dois ou três takes. Verdade ou não, com certeza ninguém sabia do impacto que o solo de Eddie, dos trinta segundos dele, teria no mundo da música quando ele foi gravado. Enquanto isso, a participação de Eddie era mantida em segredo e assim ficaria por cerca de um ano. Ele não disse a ninguém sobre aquilo. Na época, Eddie afirmava que simplesmente não achava ter feito grande coisa.

De quem é a banda?

Ao longo da turnê durante o outono de 1982, Edward sentiu que seu controle sobre a banda estava escorregando permanentemente para Dave. Uma sessão de fotos para a revista Life em setembro daquele ano foi acertada pelo solteiro David, e os outros membros casados concordaram. Por sugestão de Dave, o ensaio foi lotado de imagens lotadas de conotação sexual e baixaria rock k’ roll. Era a imagem padrão do Van Halen que a banda tinha no início, exceto que agora metade da banda era casada, então a imagem não representava necessariamente a realidade da situação. Mas Van Halen era uma marca muito valiosa, e Dave sabia exatamente o que o público queria.

Entretanto, a esposa de Eddie não era uma desconhecida. Ela era uma celebridade estelar nesse tempo, e a sua imagem de boa moça estava sendo danificada pela imagem do Van Halen. Em algum ponto, isso não estava sendo engolido por alguém, e Ed e Valerie foram convidados para o programa Entertainment Tonight para salvar a imagem de Valerie através da óbvia ‘suavização’ de Edward. A narração da escalada inicial do programa deu uma clara indicação do que estava por vir: “As probabilidades de um casamento entre celebridades estão bem escassas hoje em dia, especialmente se considerarmos as longas jornadas de trabalho e o tempo que casais passam separados…eles parecem vir de planetas diferentes. Então quando esses dois ídolos da juventude decidiram se casar um ano atrás, muitos de seus fãs e amigos disseram que não daria certo.” Se jamais houve alguma manobra escancarada de relações públicas na mídia, foi essa, com Eddie e Valerie sendo entrevistados em suéteres brancos combinando um com o outro em um sofá em frente a uma lareira. Além disso, a entrevista exibiu uma imagem claramente forçada de Edward fritando panquecas na cozinha enquanto Valerie ria assistindo à cena. Eles também ficam de chamego com dois filhotes de gato. As celebridades vão pro Entertainment Tonight para fins de relações públicas, especialmente se o único assunto for o estado de seus casamentos. A entrevista trouxe, dentre todo o segmento, os seguintes trechos transcritos:

Entrevistador: vocês dois parecem ser tão diferentes. Valerie, você faz o tipo comportadinha e o mundo do rock parece ser tão insano.

Valerie: É isso – você disse a palavra-chave – parece ser. Digo, eu já vi mais gente louca no mundo da TV do que vi nesse. Você entende.

EVH: Eu fecho com isso.

O entrevistador sugeriu que seus estilos de vida eram bem incompatíveis e que havia relatos de que seu breve casamento já estava azedando. Valerie ficava exasperada por algumas revistas e jornalistas chegarem ao ponto de tentar separar o casal aparentemente feliz. Ela afirmou que eles eram gente normal até onde ela entendia, o que era uma idéia que ela não achava que os outros pudessem acreditar ou processar em suas cabeças.

Em outro programa de televisão sensacionalista, o PM Magazine, o casal de novo ficou na defensiva sobre seu casamento em uma entrevista com a «então futura esposa do ator Arnold Schwarzenegger» Maria Shriver. Valerie mais uma vez expressou frustração por ter que repetir de novo e de novo que eles eram muito bem casados. “A potencial incompatibilidade deles era reforçada pelas referências a ela como a ‘Valeria puramente Estadunidense” e o ‘Todo elétrico Eddie.’ Edward disse que ele era muito mais feliz estando casado e tendo um lar do que ele era estando constantemente na estrada em hotéis como endereço permanente.

Quando Shriver mencionou que a crença geral de que “a vida de um astro do rock gira em torno de groupies, bebida, altas horas e drogas pesadas’, o seguinte diálogo se deu:

Maria Shriver: Mas isso se aplica a Edward Van Halen?

Edward: Adivinha? Não.

Maria Shriver: Não. Nada disso tudo…?

Edward: As altas horas e a bebida, talvez sim.

Maria: Mas e as groupies…

Edward: Claro que não! Eu sou casado. Eu não faria isso.

Valerie: Eu espero que não.

Isso fez parte de um esforço programado para atenuar a imagem pública de Ed, assim como para retratar Valerie não como uma moça ingênua de 15 anos, mas uma mulher de 21 anos e casada, de modo a responder a notícias dos tablóides criticando a tal ‘incompatibilidade’ do casal. Edward parecia no limite e defensivo «e aparecendo na televisão fumando e bebendo».

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