Para quem cresceu nos anos 80, o nome Scorpions era sinônimo de garra e de um bom rock pesado. Discos como "Blackout" e "Love At First Sting" iniciaram milhares de garotos no ofício de ouvir boa música, mas foi com o álbum "Lovedrive", lançado em 1979, que a banda alemã deu o pontapé inicial na fase mais popular de sua carreira.
A bombástica e excitante apresentação dos rapazes naquela primeira edição do Rock In Rio (85) não deixou dúvidas sobre a competência do grupo. Para o Heavy Metal que reinou nos anos 80, o Scorpions que colocou a Alemanha no mapa. Tornaram-se rapidamente um dos grandes nomes do estilo ao lado do Judas Priest, Van Halen, AC/DC e Iron Maiden. Se depois a Alemanha ofertou ao mundo bandas como o Accept, Helloween e toda essa troupe do Metal Melódico, pode ter certeza que os Scorpions foram os desbravadores.
A década dos excessos (70's) estava por terminar e sem Uli Jon Roth, os alemães sentiam que havia chegado a hora do famoso "ou vai ou racha".
Apesar do Japão estar na mão do Scorpions, o maior mercado de Rock Pesado da época, os EUA, ainda não tinha sido conquistado, muito menos do que isso, por lá eles eram ilustres desconhecidos. Além disso, os anos 80 estavam por vir e toda uma nova geração estava sedenta por guitarras afiadas, a era de Eddie Van Halen e Randy Rhoads estava só começando.
Sacando tudo isso e desfalcados, justamente de seu guitarrista solo (Roth), o jeito que Rudolf Schenker achou de virar a mesa foi chamar seu irmão Michael Schenker, que havia recentemente debandado do UFO, para participar da gravação do novo disco de estúdio do grupo. Michael era um ídolo na América, cultuado por iniciantes da guitarra, e seu nome associado ao dos Scorpions seria um belo atrativo.
Como Michael já vinha traçando a criação de seu novo grupo (o MSG), o rapaz avisou a galera que não ficaria muito, e provavelmente nem terminaria a tour do disco. Ficava claro que os Scorpions precisariam de um guitarrista fixo, alguém que vestisse a camisa e tivesse bala na agulha para competir com Rhoads e Halens da vida. A banda então anunciou na Melody Maker que estava procurando por um guitarrista solo. Depois de audições com cerca de 140 guitarristas, Matthias Jabs foi escolhido. Com três guitarristas, o Scorpions estava preparado para o que desse e viesse.
E o que veio foi "Lovedrive", o melhor disco de estúdio da banda até hoje. Michael Schenker aparecia em três faixas que já faziam valer o álbum: a faixa-título (uma espécie de "Achilles Last Stand" do Scorpions), "Another Piece Of Meat" e na maravilha instrumental batizada de "Coast To Coast".
Com um time desses, é óbvio que as guitarras estão em primeiro plano na mixagem. Com uma "mãozinha" do produtor Dieter Dierks (o produtor oficial do Progressivo Alemão do início dos anos 70) a sonoridade de Lovedrive captava com agressividade os timbres azeitados não só das guitarras, mas também da voz altíssima de Klaus Meine, e da cozinha simples, porém correta, de Francis Buchholz e Herman Rarebell.
Outros destaques de "Lovedrive" eram a irresistível levada de "Loving You Sunday Morning", o reggae, (sim, isso mesmo, alemão fazendo reggae) de "Is There Anybody There?", a paulada "Can't Get Enough" e as baladas "Holiday" (aqui em sua versão integral, obrigatória em qualquer show da banda) e "Always Somewhere", que começa com um dedilhado de guitarra bem parecido com o da música "Simple Man", dos sulistas do Lynyrd Skynyrd. (O Lynyrd lançou essa música em 1973!).
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