sábado, 28 de abril de 2012
Vicky Hamilton: a descobridora do Crue, Guns e Stryper
O site estadunidense LEGENDARY ROCK INTERVIEWS, comandado pelo jornalista John Parks tem realizado as entrevistas mais relevantes do cenário do classic rock e do hard rock oitentista desde sua fundação, e gentilmente permitiu que reproduzíssemos alguns trechos traduzidos da conversa que John teve essa semana com a igualmente lendária VICKY HAMILTON, figura carimbada na cena angelena e que tem eu seu currículo passagens como empresária do MÖTLEY CRÜE, POISON e o GUNS N’ ROSES. O que segue abaixo é um pequeno trecho da entrevista original, que pode ser lida na íntegra (em inglês) clicando em:
http://www.legendaryrockinterviews.com/2012/04/27/legendary-rock-interview-with-...
(...) VICKY HAMILTON é uma conhecedora das personalidades do rock. Ela construiu uma carreira lidando com elas, guiando-as, apoiando-as e às vezes, até cuidando delas como uma mãe. Ela sabe que cartas jogar, tendo feito de tudo, desde jornalismo musical, agendamento de empresariamento de bandas para a Geffen Records e consultoria. Vicky desempenhou um grande papel nas carreiras da maioria das bandas das quais você provavelmente tem camisetas e foi a shows, mas ela sempre será lembrada por ser a única pessoa em Los Angeles disposta a apoiar o GUNS N’ ROSES (pelo qual a banda a agradeceu no Rock And Roll Hall Of Fame). Entretanto, há muito mais sobre ela do que apenas a janela de tempo com o GN’R. ela trilhou um caminho interessante até Slash e companhia e teve uma carreira brilhante desde então. Tivemos o prazer de conversar com Vicky recentemente, leiam…
LRI: Obrigado pela oportunidade, Vicky! Você é tão ocupada como empresária e criando tudo isso numa época em que as pessoas estão apenas tentando deixar o ramo!
Vicky Hamilton: Obrigada! Eu acho que alguém tem que fazer isso (risos).
LRI: Então você mudou-se para Los Angeles em 1981 e eu sei que uma das primeiras bandas com as quais você trabalhou foi o Mötley Crüe. Como você se envolveu com aqueles caras, pra começo de conversa? Aquela foi uma época muito, muito empolgante da carreira deles.
Vicky: Eu era consultora deles. Eu tinha ficado amiga de Nikki bem no começo, mesmo antes do disco pela Leathur sair e daí fui contratada pelo primeiro empresário deles, Alan Coffman como consultora. Eu os ajudei a arrumar uma gravadora e fiz muito do merchandise de Too Fast For Love. Eu morava em Hollywood, então eu meio que fiquei de babá da banda e ajudei um pouco. Eu também era uma grande, grande fã da música e era compradora de uma loja de discos aqui chamada Licorice Pizza, então eu comprei MUITOS discos do Mötley Crüe e os enfiei espalhados pelas 30 lojas da rede, o que realmente ajudou na carreira deles no começo. O show pelo qual eles ficaram realmente famosos no Whisky, eu tinha armado um baita display na janela da loja para promover o show e o disco. Eu tinha incluído um monte de itens pessoais deles, e chicotes e correntes e Vince me deu uma calcinha rosa para colocar no arranjo, que a propósito, NÃO estava limpa, mas eu a coloquei no manequim da vitrine também. Pintamos o logo deles em tinta fluorescente na vitrine e você podia enxergá-lo de longe na rua, então além de vender muitos discos na loja, eu acho que fui um fator que ajudou eles a terem um contrato.
LRI: Eu só acho que aquele é o disco mais puro e efervescente que eles já gravaram. O lado pop dele nunca foi superado e ainda é meu favorito.
Vicky: Sim, tem muito agogô! (risos)
LRI: Eu sei! Você sentia que, apesar da crueza, que eles estavam entrando em algo especial?
Vicky: Ah sim, totalmente. Quando o Motley apareceu, tudo era punk rock e coisas new wave européias como Duran Duran e Psychedelic Furs. Então eles se destacavam com aquelas fitas adesivas, lycra, e o cabelão. Nikki tocava fogo em si próprio e tudo neles era tipo, ‘QUE PORRA É ESSA???!!’. Eu fiquei muito curiosa quando Nikki entrou em minha loja de discos e tinha essa modelo alemã, namorada dele, e ficamos amigos e comecei a sair com eles. Eu fique muito curiosa sobre eles em geral e me apaixonei pelo som. Eu acho que por ser do meio-Oeste, eu era abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo, eu não sei se você concorda, mas… o meu gosto musical na rádio era avassaladoramente comercial. Eu podia ver que apesar da imagem e da pungência, havia comercialidade no Mötley Crüe, que era muito diferente e nova. Era claramente vendável e eu estava pronta pra puxar o trem. Nikki Sixx é um visionário e ele sabia desde o começo aonde esse projeto chegaria. Eu acho que eu simplesmente acreditei nele e sabia que pra onde ele apontasse a mente dele, aquilo iria funcionar.
LRI: Ficava claro que Nikki tinha influências totalmente diferentes que as das outras bandas que estavam surgindo naquela época?
Vicky: Ah sim. Ele curtia The Sweet, New York Dolls, Mott The Hoople e coisas do tipo. Ele curtia mais rock europeu. Eles não tinham medo de fazer produção para um show ou usar maquilagem e tudo isso, mesmo que isso significasse que Nikki apanhasse algumas vezes naquele período por causa da maquilagem e a coisa toda. O que eles estavam fazendo era realmente único e totalmente imprevisível. Não era garantido que daria certo, mas Nikki acreditava e eu gostava disso tanto quando gostava da música.
LRI: Então você sente que Nikki estava realmente focado no que ele queria, não somente em termos de imagem, mas também de música?
Vicky: Sim, ele era a força motriz e escrevia muito e Tommy e Mick eram a usina musical, mas a banda inteira era muito consistente naquela época. O que digo é, no começo, Vince e Nikki não se davam muito bem. Eu realmente duvido que eles se dêem tão bem assim agora somente porque eles são duas personalidades muito diferentes.
LRI: Daí você se envolveu com algumas bandas da (gravadora) estigma, como o STRYPER?
Vicky: Nossa, você fez seu dever de casa, John (risos).
LRI: Sou um grande fã da banda e pra mim eles são algo especial no sentido que eles tinham seu próprio som, um som único e uma imagem muito ousada. Eu duvido que haja outra banda Cristã que tenha aquele tipo de sucesso junto ao grande público. O que você achou quando viu eles na MTV anos depois?
Vicky: Não fiquei surpresa. Os irmãos Sweet tinham algo muito especial e era muito evidente para mim que era apenas uma questão de tempo. Eu não acho nem que o sucesso deles dependia do ângulo cristão, mas se é o que eles tinham em seus corações, quem sou eu pra dizer, “Não façam isso dessa maneira”. Quando eu os ouvi pela primeira vez, eu não sabia de nada sobre as crenças deles.
LRI: Eu sei que se menciona que o seu período empresariando o Poison acabou mal, mas você realmente acreditava neles na época em que poucas pessoas acreditavam na banda?
Vicky: Muito. Eles eram realmente animados e da Pensilvânia (risos). Nós tínhamos assinado um contrato para uma demo com a Atlantic e eles rejeitaram a banda. Por causa da minha associação com o Mötley e o Stryper, eu conhecia as pessoas na Enigma e nos ofereceram um contrato bem magro, eu acho que era algo em torno de 25 mil dólares, e claro, eles aceitaram. Naquela época, eu não estava me dando bem com Bret Michaels, então eu vendi meu contrato para Howie Huberman, que era meu patrono financeiro, então ele assumiu a função dali. Eles foram lançados pela Enigma, que depois foi comprada pela Capitol, e daí estourou.
LRI: Quando você e Bret tretaram foi por volta da mesma época em que você se envolveu com o Guns N’ Roses?
Vicky: Sim. Bem, eu sempre tinha sido fã de Slash e do modo dele tocar. Eu sempre fiquei de olho no que ele estava fazendo e agendava shows pro Hollywood Rose quando era agente da Silver Lining Entertainment, o que eu também estava fazendo quando trabalhei com o Stryper. Axl e Izzy vieram e tocaram a demo deles pra mim e era maravilhosa e eu arrumei algo pra eles de cara. O primeiro show foi no Madam Wong com o Candy e daí eu marquei pra eles com o Black Sheep, a banda de Slash no Music Machine. Por volta do ponto em que Chris Weber saiu do Hollywood Rose e Slash entrou no lance eu comecei a trabalhar com eles. Eu realmente gostava de trabalhar com Chris e Slash. Eu achava que Chris era um compositor muito bom e eu ainda sou amiga dele até hoje. Foi muito engraçado porque nossas trilhas sempre parecem se cruzar. Bem, depois daquele tempo, provavelmente dez anos depois, eu estava trabalhando com uma banda e na Inglaterra eu vi essa banda cujo guitarrista era… Chris Weber. Eu pensei, ‘Puta merda!” (risos). Chris é um grande sujeito e agora ele trabalha numa clínica de reabilitação. Ele é só um cara legal que foi muito importante pra todo aquele tempo e lugar. Sem dúvida alguma. Ele co-escreveu algumas daquelas músicas em ‘Appetite’, então ele é um compositor talentoso e um cara talentoso no geral.
LRI: Eu não vi a banda até a época dos Illusion, então não consigo imaginar o que você viu no Troubadour. Você chegou a ver o GNR em um show ruim ou relaxado antes dos dias de ‘Appetite’?
Vicky: Eu não diria relaxado, mas talvez cru, mas mesmo bem no começo eles eram brilhantes. Todo mundo sabia que estava assistindo a uma trombada de trem, mas você não conseguia tirar os olhos deles. Era CRU. Havia uma sensação de perigo e havia tanta mágica e brilhantismo naquela formação original. Aqueles cinco caras eram o ingrediente mágico. É duro… é duro descrever o que era aquela banda, mas era maravilhosa e era mágica pura. Ninguém pode tirar isso deles. Eu fui ver os empregados do Axl no Forum janeiro passado. Todos aqueles caras na banda de Axl são tecnicamente grandes músicos, mas aquela mágica e aquele fogo já estão mortos e enterrados. Não hpa fogo. Não é o que o GNR era quando eles eram jovens e vivos. Aquilo era a vida real deles, aquelas músicas eram a vida deles, não era apenas um bando de bons músicos tocando um show, era REAL. São aqueles cinco caras ou nada, eu digo que Matt Sorum é um grande baterista, mas não era a mesma coisa sem Steven. Steve tinha um modo de tocar que era estilisticamente importante e seu espírito e sua centelha levavam aquelas músicas até onde elas precisavam chegar. A amizade de adolescência de Steven com Slash deu certa dinâmica àquilo e daí quando Izzy saiu, ACABOU porque ele era uma força determinante para a composição e era amigo de infância de Axl. Quando Izzy saiu foi que Axl surtou de muitos modos. Quando os Illusion saíram, eu tinha me afastado pra tão longe de todas as coisas Guns que foi interessante. Axl tinha esse lance meio Elton John rolando (risos) e tecladistas e backing vocals. Não era a mesma banda de rock com a qual eu tinha trabalhado, não estou dizendo que não havia brilhantismo naqueles discos, porque claramente havia, contudo radicalmente diferente. Quando eu ouvi Axl tocar ‘November Rain’ pela primeira vez no piano eu fiquei abismada pelo mesmo cara que podia escrever coisas como ‘Appetite For Destruction’ pudesse tocar uma balada ao piano lindamente arranjada, mas eles estavam claramente indo em uma direção diferente.
LRI: Alan Niven mencionou que o atraso de Axl para os shows é meio que uma forma de fobia de palco ou ansiedade de tocar mais do que qualquer outra coisa… você via algo desse tipo?
Vicky: Bem, a princípio, ninguém teria que agüentar esse tipo de merda antes dele ficar famoso, mas sim, eu entendo o que Niven quer dizer com isso. Digo, muitas pessoas que são super famosas como Axl têm ansiedade para tocar, elas simplesmente aprendem a lidar com isso. Axl é uma pessoa complexa, bi-polar, tem muita coisa rolando ali [risos].
LRI: Eu gostei de Chinese Democracy e na verdade fui e paguei alto pelo vinil, que é o único formato pelo qual estou disposto a pagar. Eu sei que algumas pessoas estavam zoando a fazendo piadas pelo preço do CD ter sido reduzido pra 99 centavos pela Best Buy, mas eu fiquei chateado pela marca ter decaído tanto. Você acha que ele ainda tem algo a oferecer artisticamente?
Vicky: Eu acho que ele poderia, mas eu acho que ele precisa fazer as pazes com as quatro pessoas daquela banda e eu acho que a raiva dele tem destruído ele de dentro pra fora. É o que eu acho.
LRI: Marc Canter meio que indicou em nossa entrevista que as coisas que impedem uma reunião do Guns N’ Roses não são tão complicadas, que são na verdade bem simples e meio que baseadas em mal-entendidos que poderiam ser trabalhados por uma terapeuta de casais entre duas personalidades orgulhosas em Axl e Slash. Você concorda?
Vicky: Orgulho? Pode ser mais uma questão de ego. Eu estou claramente no time de Slash e eu sei que Slash faria isso, mas Axl é simplesmente… quero dizer, ele mandava expulsar pessoas do Forum por vestirem cartolas [risos]. Digo, chegou ao ponto do absurdo e mais. Eu só não sei se Slash se curvaria a Axl e não acho que Axl permitiria uma reconciliação de qualquer outro modo. Tornou-se uma teia de aranha. É uma merda pros fãs porque não só eles não vão se reunir como eles não podem chegar a um acordo para lançar aquele filme com material da turnê dos ‘Illusion’. Eu acho isso muito triste e o mero fato deles não poderem subir juntos num palco e aceitarem o lance do Hall Of Fame juntos foi simplesmente TRISTE. Eles fizeram o maior disco de hard rock da década e deveriam poder estar todos na mesma página sobre isso e ficarem lado a lado ou pelo menos ostentar isso com orgulho por uma noite. Os fãs querem isso tanto e é tão triste que eles não conseguiram deixar suas diferenças de lado nem por UMA música.
LRI: Eu não sei quantas incontáveis vezes você teve que responder isso, mas em termos de sua saída do empresariamento do Guns N’ Roses, que foi muito feia e injusta, e não necessariamente por todos os indivíduos da BANDA, mas no sentido de que você foi ESFAQUEADA PELAS COSTAS pelo advogado Peter Paterno. Você contratou o cara e ele te fodeu gostoso e começou a representar a banda. Eu não consigo imaginar o que passou pela sua mente ou como você se sentiu e você teve bastante tempo para pensar no quão filho da puta foi aquilo. Steven disse que ele ainda achava que tinha sido horrível quando falamos com ele, que foi uma das razões pelas quais ele quis mencionar você na cerimônia do Hall Of Fame. Como você vê o lance todo do Paterno hoje em dia?
Vicky: Essa é uma pergunta muito boa e na verdade ninguém jamais me perguntou isso antes. Eu estou escrevendo um livro e realmente planejo despejar a verdade porque é o que de fato aconteceu. A entrevista que fiz pro [site] Metal Sludge foi a primeira na qual eu jamais mencionei isso e essa é a primeira vez que alguém me pergunta isso. Na época, minha principal preocupação era certificar-me de que a banda estava segura e eu achava que ele era o cara indicado pra isso. Eu nunca sonhei que no processo ele ia me foder ao ponto que ele fez. Por outro lado, na época, eu sabia que o Guns N’ Roses seria famoso, mas eu não sabia que eles venderiam 150 MILHÕES DE DISCOS. Não há maneira de saber até que grau alguém vai ser famoso. Eu tinha visto o Mötley Crüe e o Poison, mas eu ainda não tinha idéia de que o GNR seria tão enorme como eles ficaram. Em minha opinião, toda banda com a qual eu já lidei era bastante talentosa, mas elas não chegaram àquele ponto. O Guns N’ Roses era tão volátil que eu fiquei surpresa por eles terem todos sobrevivido para ver aquele tipo de sucesso. Era realmente difícil de prever qualquer coisa com eles e naquela altura do campeonato só o que eu queria era um emprego de relações públicas numa gravadora, já que meu trabalho de empresária não estava pagando minhas contas. Eu ansiava pela segurança de uma gravadora. Sou grata por ter a vida que eu tenho, verdade. Claro que não vou mentir e dizer que eu não gostaria de uma casa em Malibu e segurança financeira, mas estou feliz. Mesmo com tudo que eu estou fazendo e tenho feito, tudo é financeiramente desafiador para mim, então teria sido ótimo ter aquele tipo de segurança, mas eu ainda estou na luta e eu não ouço a gorda cantando.
Eu estou escrevendo um livro, eu acabei de escrever meu capítulo sobre o Mötley Crüe foi tão bom que eu senti como estivesse usando cocaína quando eu terminei [risos]. Eu não usei cocaína por muito tempo, mas quando eu usei, foi nos tempos do Mötley e eu comecei a ter sangramentos no nariz e foi o suficiente para mim. Mas aquele capítulo do Crüe trouxe de volta aquela mesma sensação quando eu terminei de escrevê-lo [risos]. Eu estou fazendo um documentário, eu escrevi uma peça musical que tem um grande diretor. Fiz alguns roteiros e estou empresariando uma grande banda, a THE ART, que eu acredito que possa ser a próxima grande banda do rock, eles são bons assim. Eles moram na Austrália e é difícil pra mim empresariar uma banda que mora na Austrália, mas eles são muito bons. Alguém me disse, “Meu deus, Vicky, você mora em Los Angeles, você não podia pegar uma banda do seu quintal?” Mas o THE ART não mora no meu quintal, eles moram em Sidney, Austrália [risos]. [...]
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