O texto representa a opinião do editor e não a opinião da RockNews! ou de seus editores.
Este último Grammy foi a consagração mais que definitiva para o Foo Fighters. A banda simplesmente roubou a cena, e embora houvesse quem torcesse o nariz para tudo isso (vide torcida organizada dos metaleiros de plantão), o Foo Fighters foi sem sombra de dúvida a atração da noite.
Considerando que a credibilidade do Grammy seja prá lá de questionável, principalmente se tratando de música, e ainda, de rock e suas vertentes (sem maiores argumentações, afinal, é só a desimportante opinião pessoal deste pífio divagador que vos escreve), o fato inquestionável é que o FF e o DG (não sou adepto da linguagem de internet, mas vamos assim abreviar o Foo Fighters e o Dave Grohl para não ficar cansativo, ok?), alheios à qualquer opinião contrária, vem ganhando cada vez mais espaço e notoriedade ano após ano, e mesmo depois do “boom” de lançamento da banda, onde seria natural que houvesse um declínio da mesma, de forma surpreendente eles só subiram de produção.
Apesar de todo exposto, amigos leitores, ainda não consegui responder uma pergunta que não sai da minha cabeça: Por que não consigo gostar do FF?? Pelo menos uma coisa pra mim está muito clara: também não consigo odiá-los. E esta razão já é mais fácil compreender. Afinal, seu grande mentor e líder foi nada menos que o batera do Nirvana, e isto já é bastante relevante. Gostando ou não do que chamamos de grunge (particularmente não gosto deste rótulo, porque quase sempre ele é associado a algo já fora de moda, passageiro, coisas que não podem ser relacionadas ao bom rock, porque este é atemporal), deve-se reconhecer o papel do Nirvana na história do rock, como um divisor de águas.
Exagero? Voltemos então ao finalzinho da década de 80, quando o cenário roqueiro era amplamente dominado por bandas cuja atitude maior era fazer caras e bocas, usar roupas espalhafatosas, muita maquiagem, e posar de rockstar a todo momento. Mesmo as bandas mais tradicionais e de vanguarda passavam por uma verdadeira maré de falta de criatividade e renovação do som. O rock estava realmente passando por maus momentos, ninguém mais “chutava o pau da barraca alheia”. Até que, do underground, surgiu um cara que aos berros, e empunhando uma guitarra altamente distorcida e pouco harmonizada, lembrou ao mundo que o rock era antes de mais nada muito mais atitude, energia e todo um modo especial de encarar a vida. Era o Nirvana “enfiando o pé na jaca” e sacudindo para sempre o cenário do rock.
Êpa, mais falávamos do FF não é mesmo? Enquanto o assunto for DG, o Nirvana sempre será pauta recorrente, é impossível dissociá-los. Prosseguindo, o simples fato do DG ter feito parte de tudo o que representou o Nirvana já faz com que tenhamos um mínimo de respeito pelo cara. Outro ponto não menos importante: o DG poderia tranquilamente ficar sentado em uma cadeira de praia tomando um drink em qualquer lugar do mundo, simplesmente colhendo os louros da antiga banda, assim como fez vários outros músicos famosos com o término de suas bem sucedidas bandas, mas ao contrário, ele teve o grandioso mérito pela coragem de se enveredar por um novo projeto, se expondo em uma “função” que não era a que fora consagrado, ou seja, cantando e tocando guitarra, sabendo de todo peso do eu passado histórico e das inevitáveis comparações.
Como se não bastasse, ainda assim, conseguiu obter mais do que êxito, atingiu a verdadeira glória. Achou pouco? Não é não. Conte nos dedos os artistas que realizaram este feito. Ninguém consegue fazer isto sem ter um mínimo de talento, ponto extra e importante para DG. E tem mais uma que o advogado de defesa acabou de entregar: se analisarmos o som do FF, desde a sua criação até este último e consagrado álbum, o que vamos ouvir é um som muito decente. Rock direto e sem firulas, onde podemos observar que, com maestria, há uma combinação harmoniosa de influências roqueiras antigas com um certo toque de modernidade. As composições também são um capítulo à parte: letras inteligentes e bem colocadas, sem soar piegas ou arranjadas.
E pra fechar o balaio: o DG é um cara super carismático, apesar de o ser, não dá uma de “super astro do rock”, nunca desprezou seu passado, e como frontman, segura muito bem a onda. Somando tudo isso, trata-se mesmo de uma Super Banda, não é mesmo? Ainda assim, o FF não consegue me cativar...
Talvez este seja o grande barato da música: ela não se explica, não tem nenhum manual de instruções pré-fabricado. Trata-se de gosto pessoal, particular e muito peculiar, ligado às emoções e inspiração de cada um. Por isso, peço ao Fã-Clube do FF e demais seguidores que levem isso em consideração, sem mágoas comigo. Me recordo que, ainda na adolescência, já roqueiro, conhecia muitas bandas, mas ainda não tinha ouvido Metallica. Era ano do lançamento do “Black Álbum”, e um amigo tinha conseguido, quase que em primeira mão, uma fita k7. Quando tocou “Wherever I May Roam” eu senti um verdadeiro choque. “Que som era aquele?” diria um moleque espinhento e estupefato (mal sabia que o Metallica era ainda muito mais do que aquilo que acabara de ouvir). Até hoje, a sensação que tenho é que eu conheci o rock naquele dia em diante. Ou quando escutei Ramones também pela primeira vez. Estava tocando “I Don´t Care” e logo em seguida “Sheena is a Punk Rocker”, e na hora não tive dúvidas que aquela era a banda mais legal do planeta. Foi como se um trem tivesse passado há alguns centímetros de mim quando também conheci o Pantera ouvindo “Cowboys From Hell”, ou Pink Floyd com “Another Brick in the Wall”, U2 com “Where the Streets Have no Name”, Queen com “Radio Ga Ga” e Dire Straits com “Money for Nothing”. Algo parecido deve ter ocorrido com muita gente ao ouvir “Smells Like Teen Spirit” no rádio ou na MTV pela primeira vez.
Quando ouço FF não tenho nenhuma destas sensações. Está tudo ali, certinho, guitarra, baixo, bateria, voz, tudo como reza a cartilha do rock, mas falta algo. Não consigo me emocionar, parece que soa tudo meio falso, forçado, sem brilho. Não desperta nenhuma emoção.
Não tenho dúvidas de que o FF já escreveu sua história em um importante capítulo da página do rock, e será eternizado. Para uma verdadeira legião de fãs, a banda é muito relevante e vai continuar sendo. Em tempos difíceis para o rock, onde vemos muito mais bandas surgindo e bem menos talentos aparecendo, e outras coisas do gênero que se apropriam do título “rock”, mas que de rock mesmo não têm absolutamente nada, é um alento saber que uma banda decente como o Foo Fighters (agora fiz questão de escrever completo) está representando o rock de forma honesta. Não fizeram ainda com que eu compre um CD, mas conseguiram de mim e de muita gente, de forma convincente, algo que não se pode comprar de ninguém: respeito e admiração.
Considerando que a credibilidade do Grammy seja prá lá de questionável, principalmente se tratando de música, e ainda, de rock e suas vertentes (sem maiores argumentações, afinal, é só a desimportante opinião pessoal deste pífio divagador que vos escreve), o fato inquestionável é que o FF e o DG (não sou adepto da linguagem de internet, mas vamos assim abreviar o Foo Fighters e o Dave Grohl para não ficar cansativo, ok?), alheios à qualquer opinião contrária, vem ganhando cada vez mais espaço e notoriedade ano após ano, e mesmo depois do “boom” de lançamento da banda, onde seria natural que houvesse um declínio da mesma, de forma surpreendente eles só subiram de produção.
Apesar de todo exposto, amigos leitores, ainda não consegui responder uma pergunta que não sai da minha cabeça: Por que não consigo gostar do FF?? Pelo menos uma coisa pra mim está muito clara: também não consigo odiá-los. E esta razão já é mais fácil compreender. Afinal, seu grande mentor e líder foi nada menos que o batera do Nirvana, e isto já é bastante relevante. Gostando ou não do que chamamos de grunge (particularmente não gosto deste rótulo, porque quase sempre ele é associado a algo já fora de moda, passageiro, coisas que não podem ser relacionadas ao bom rock, porque este é atemporal), deve-se reconhecer o papel do Nirvana na história do rock, como um divisor de águas.
Exagero? Voltemos então ao finalzinho da década de 80, quando o cenário roqueiro era amplamente dominado por bandas cuja atitude maior era fazer caras e bocas, usar roupas espalhafatosas, muita maquiagem, e posar de rockstar a todo momento. Mesmo as bandas mais tradicionais e de vanguarda passavam por uma verdadeira maré de falta de criatividade e renovação do som. O rock estava realmente passando por maus momentos, ninguém mais “chutava o pau da barraca alheia”. Até que, do underground, surgiu um cara que aos berros, e empunhando uma guitarra altamente distorcida e pouco harmonizada, lembrou ao mundo que o rock era antes de mais nada muito mais atitude, energia e todo um modo especial de encarar a vida. Era o Nirvana “enfiando o pé na jaca” e sacudindo para sempre o cenário do rock.
Êpa, mais falávamos do FF não é mesmo? Enquanto o assunto for DG, o Nirvana sempre será pauta recorrente, é impossível dissociá-los. Prosseguindo, o simples fato do DG ter feito parte de tudo o que representou o Nirvana já faz com que tenhamos um mínimo de respeito pelo cara. Outro ponto não menos importante: o DG poderia tranquilamente ficar sentado em uma cadeira de praia tomando um drink em qualquer lugar do mundo, simplesmente colhendo os louros da antiga banda, assim como fez vários outros músicos famosos com o término de suas bem sucedidas bandas, mas ao contrário, ele teve o grandioso mérito pela coragem de se enveredar por um novo projeto, se expondo em uma “função” que não era a que fora consagrado, ou seja, cantando e tocando guitarra, sabendo de todo peso do eu passado histórico e das inevitáveis comparações.
Como se não bastasse, ainda assim, conseguiu obter mais do que êxito, atingiu a verdadeira glória. Achou pouco? Não é não. Conte nos dedos os artistas que realizaram este feito. Ninguém consegue fazer isto sem ter um mínimo de talento, ponto extra e importante para DG. E tem mais uma que o advogado de defesa acabou de entregar: se analisarmos o som do FF, desde a sua criação até este último e consagrado álbum, o que vamos ouvir é um som muito decente. Rock direto e sem firulas, onde podemos observar que, com maestria, há uma combinação harmoniosa de influências roqueiras antigas com um certo toque de modernidade. As composições também são um capítulo à parte: letras inteligentes e bem colocadas, sem soar piegas ou arranjadas.
E pra fechar o balaio: o DG é um cara super carismático, apesar de o ser, não dá uma de “super astro do rock”, nunca desprezou seu passado, e como frontman, segura muito bem a onda. Somando tudo isso, trata-se mesmo de uma Super Banda, não é mesmo? Ainda assim, o FF não consegue me cativar...
Talvez este seja o grande barato da música: ela não se explica, não tem nenhum manual de instruções pré-fabricado. Trata-se de gosto pessoal, particular e muito peculiar, ligado às emoções e inspiração de cada um. Por isso, peço ao Fã-Clube do FF e demais seguidores que levem isso em consideração, sem mágoas comigo. Me recordo que, ainda na adolescência, já roqueiro, conhecia muitas bandas, mas ainda não tinha ouvido Metallica. Era ano do lançamento do “Black Álbum”, e um amigo tinha conseguido, quase que em primeira mão, uma fita k7. Quando tocou “Wherever I May Roam” eu senti um verdadeiro choque. “Que som era aquele?” diria um moleque espinhento e estupefato (mal sabia que o Metallica era ainda muito mais do que aquilo que acabara de ouvir). Até hoje, a sensação que tenho é que eu conheci o rock naquele dia em diante. Ou quando escutei Ramones também pela primeira vez. Estava tocando “I Don´t Care” e logo em seguida “Sheena is a Punk Rocker”, e na hora não tive dúvidas que aquela era a banda mais legal do planeta. Foi como se um trem tivesse passado há alguns centímetros de mim quando também conheci o Pantera ouvindo “Cowboys From Hell”, ou Pink Floyd com “Another Brick in the Wall”, U2 com “Where the Streets Have no Name”, Queen com “Radio Ga Ga” e Dire Straits com “Money for Nothing”. Algo parecido deve ter ocorrido com muita gente ao ouvir “Smells Like Teen Spirit” no rádio ou na MTV pela primeira vez.
Quando ouço FF não tenho nenhuma destas sensações. Está tudo ali, certinho, guitarra, baixo, bateria, voz, tudo como reza a cartilha do rock, mas falta algo. Não consigo me emocionar, parece que soa tudo meio falso, forçado, sem brilho. Não desperta nenhuma emoção.
Não tenho dúvidas de que o FF já escreveu sua história em um importante capítulo da página do rock, e será eternizado. Para uma verdadeira legião de fãs, a banda é muito relevante e vai continuar sendo. Em tempos difíceis para o rock, onde vemos muito mais bandas surgindo e bem menos talentos aparecendo, e outras coisas do gênero que se apropriam do título “rock”, mas que de rock mesmo não têm absolutamente nada, é um alento saber que uma banda decente como o Foo Fighters (agora fiz questão de escrever completo) está representando o rock de forma honesta. Não fizeram ainda com que eu compre um CD, mas conseguiram de mim e de muita gente, de forma convincente, algo que não se pode comprar de ninguém: respeito e admiração.
O texto representa a opinião do editor e não a opinião da RockNews! ou de seus editores.
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