terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Van Halen: primeiras impressões sobre o single "Tattoo"

A inconstância na personalidade de Eddie Van Halen  fez com que os fãs da banda que ele lidera ficassem órfãos de novos sons. Nos últimos quinze anos a banda ficou alternando de vocalista a cada três ou quatro anos. De Sammy Hagar para David Lee Roth, de Roth para Gary Cherone, de Cherone novamente para Hagar e finalmente de Hagar para o novo retorno de David Lee Roth.

Nesse período foram lançadas duas faixas inéditas com Roth para uma coletânea em 1996, um álbum muito mal-sucedido com Cherone, e mais duas faixas inéditas com Hagar para outra coletânea em 2004. Toda essa instabilidade fez com que esses trabalhos passassem sem uma atenção devida.

Hoje, depois de quase 14 anos, o Van Halen  finalmente lança um single de uma música que fará parte de um disco de inéditas da banda (o último tinha sido “Without You”, em 1998). Antes de ouví-lo a principal pergunta que me fazia era: “será que os irmãos Van Halen irão retomar a carreira de onde pararam ou utilizarão elementos do que faziam quando estavam com David Lee Roth nos vocais, no longínquo ano (e álbum) de 1984?”.

Quem esperava um remake do que a banda fazia meados dos anos 80, com muitos teclados e berros ensandecidos de Roth, certamente se decepcionou. “Tattoo” está muito mais próximo das faixas feitas com o próprio Roth em 1996 e com Hagar em 2004, e as músicas compostas para “incompreendido” Van Halen III (1998).

Então quer dizer que “Tattoo” não vale a pena? Não… muito pelo contrário. Acho louvável o esforço da família Van Halen  e de Diamond Dave em não parecerem datados. Nada de teclados exagerados, nada de gritinhos sem sentido… O que se nota é a continuidade do que foi deixado pela metade nos anos 90, que trazia a tentativa de uma retomada de algo mais cru – como nos dois primeiros discos de 1978 e 1979 – mas com uma roupagem mais moderna. Aliás, acho um pouco exageradas as críticas feitas na época àqueles trabalhos.

O single começa com gritos de “Tattoo, Tattoo” seguidos de duas guitarras sujas, cruas e pesadas que se sobrepõem de forma avassaladora. Impossível não se arrepiar, são cerca de 20 segundos que fazem acreditar que virá um grande álbum pela frente. Essa primeira impressão de pé na porta é quebrada pela forma suave com que Roth canta os primeiros versos da canção, acompanhado por um teclado bem discreto e uma guitarra base simples, mas distorcida.

Logo chega o refrão, introduzido de forma surpreendentemente melódica por Roth para em seguido ser interrompido pelo mesmo “Tattoo, Tattoo” que abre a canção. Essa estrutura se repete até o fim da canção.

No meio da canção, há ainda um solo típico de Eddie Van Halen. Nada extraordinário, principalmente se tratando de Eddie Van Halen, mas compondo bem a faixa.

Dois aspectos fazem com que a faixa não se destaque tanto: o primeiro deles é o fato do refrão ser repetido muitas vezes – em especial, os gritos de “Tattoo, Tattoo” - e o segundo é a ausência dos backing vocals agudos de Mike Anthony. Os vocais de fundo do ex-baixista da banda eram uma marca registrada do Van Halen, e graças a vaidade do guitarrista eles não estarão mais lá. Eles são propriedade do Chickenfoot agora… um pena! Certamente a canção ganharia muito com Anthony.

Conclusão: “Tattoo” não revolucionará nada. Muitos criticarão, por quererem ouvir algo que não existe mais: o Van Halen do meados dos anos 80. A minha opinião é de que o single é um sopro de esperança para a carreira da banda. Não será lembrada como um grande trabalho do grupo, mas pode colocá-lo de volta ao mercado, já que soa como algo de fácil acesso, especialmente para as rádios de “classic rock” americanas.

Espero que o álbum, “A Different Kind of Truth”, que será lançado no próximo dia 07, traga mais qualidade em suas outras faixas. Particularmente, tenho a expectativa de que seja um bom trabalho, com faixas superiores a “Tattoo”.

Ainda assim, acho o novo single um trabalho digno da grandeza do Van Halen. É bom saber que o grupo não está preso à fórmulas óbvias que certamente os levariam ao ridículo.

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