sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reedições de Luxo II: quando vale a pena e quando é roubo?

Por Mick Wall, traduzido por Nacho Belgrande

“Em complemento ao texto de ontem sobre os preços exorbitantes que as grandes gravadoras agora colocam costumeiramente em seus infinitamente reciclados box-sets, eu gostaria de deixar claro que eu sou, entretanto, um fã de Pink Floyd curtido no tie dye desde antes deles irem pra lua. A que não importa o quão alto seja o número que eles colocarem no pacote com o título ‘The Dark Side of the Moon’, provavelmente vale a pena.

Eu ainda defendo o que digo sobre os engravatados e ensebados que comandam as gravadoras em seus últimos dias – como Cristo expulsando os infiéis do tempo, quanto mais rápido esses desgraçados comerem poeira, melhor para nós. Mas há sempre exceções à regra. E ‘The Dark Side Of The Moon’ se encaixa nessa categoria.

Quanto você pagaria por uma impressão de altíssima qualidade dos ‘Girassóis’, de Van Gogh, junto com os rascunhos originais que aquele sujeito fraco da cabeça bolou enquanto ele sentava desenhando-os, com velas queimando seu chapéu?

Ou talvez a versão sem cortes do quarto disco do Led Zeppelin, junto com as jams originais perfumadas com maconha conduzidas na velha Headley Grange, com aquele velho cachorro preto uivando ao fundo?

Que preço, resumindo, você coloca em arte de primeira? Eu não estou falando de uma caixa de papelão cara ou as recém-escritas e quase sempre repletas de erros notas de rodapé nos encartes. Eu me refiro à música de verdade, o ouro, a merda. No caso de ‘Dark Side’, o ouro musical tem sido a trilha sonora da minha vida ao longo dos altos e baixos desde que eu tinha 14 anos de idade.

Certa vez, num momento de esclarecimento induzido por fumaça, eu anunciei que quando eu morresse não só eu queria que ‘Dark Side’ fosse tocado do começo ao fim em meu funeral, eu queria que uma cópia do disco fosse posta no meu caixão e enterrada comigo. Na verdade, eu ainda posso incluir essas cláusulas no meu testamento. Por quê? Porque eu me sinto como eu fosse dono dessa música, de tanto que ela representa pra mim. Tal como um grande livro ou filme, eu não consegui deixá-la pra trás. Quando mais velho eu fico, mais profunda e rica essa música fica. Até agora eu paro perante sua grandeza como uma formiga perante a imensidão da sombra de deus. E esse falando agora sou eu falando depois de não ter fumado unzinho em anos.

Seja a nova ‘Immersion box’ ou o vinil original, eu não me importo. Apesar se que se eu for honesto, eu preferiria que eles metessem a mão no bolso e me mandassem o formato mais fabuloso disponível. Então sim, isso quer dizer a caixa, por favor.

Já sobre aqueles outros box-sets, como aquela ainda horrenda monstruosidade ‘da cruz’, ou a deus-me-livre edição de 25 anos de ‘Peace Sells’ do Megadeth que acabou de sair «bom disco, mas 36 minutos esticados com encheção de lingüiça fadados ao esquecimento ao longo de três CDs e dois pedaços de plástico, seus por apenas 190 reais?», então falando sério, preste atenção: vai se foder.

A música, contudo, quando é tão boa como em ‘Dark Side’… aqui, pega minha carteira. Eu compro o que for…”

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