Muitos foram aqueles que fizeram parte do rock pesado, alguns apenas de passagem, mas outros deixando seu nome e obra cravados na história desse gênero da música. É bem verdade que todos nós que curtimos um bom hard, heavy, thrash, death ou seja o que for, também fazemos parte desse filme, só que os personagens citados abaixo inegavelmente colocaram-se no “Olimpo” do rock pesado devido à sua grande contribuição ao estilo. A lista a seguir não é definitiva e, com certeza absoluta, cometeu injustiças ao deixar alguns nomes de fora, nomes que você certamente irá se lembrar. Mas o objetivo não é o de estabelecer que apenas estes tenham sido os sujeitos mais importantes nesse negócio todo, é apenas uma homenagem a figuras que, sem sombra de dúvidas, protagonizaram e ajudaram, de forma definitiva, a construir toda essa história.
CLIFF BURTON
No dia 27 de setembro de 1986, um trágico acidente de ônibus encerrava a carreira de um dos mais enigmáticos, carismáticos e talentosos músicos que o heavy metal conheceu. Clifford Lee Burton entrou para o Metallica no final de 1982 e sua curta jornada na banda rendeu alguns dos maiores clássicos da história do heavy metal. Coincidência ou não, os 3 discos gravados com Cliff são até hoje considerados a fase áurea da banda. Muito provavelmente o músico mais virtuoso e inventivo que já passou pelo quarteto da Bay Area, sua presença na banda e suas linhas de baixo únicas permitiram a construção de harmonias, riffs de guitarra e melodias que dificilmente poderiam ser imaginadas sem ele. Fã confesso de Lemmy Kilmister e de seu estilo de tocar, Cliff também era conhecido por ser um sujeito absolutamente eclético, capaz de apreciar coisas tão diversas quanto Motörhead, Bach e R.E.M. Sua imagem foi e sempre será sinônimo de heavy metal em sua essência mais pura.
CHUCK SCHULDINER
JOHN BONHAM
Se o final dos anos 60 representou um “boom” de bandas que optavam por letras e estruturações musicais mais elaboradas, além de levarem adiante um som muito mais pesado do que o praticado à época e abordando temas mais obscuros, um dos maiores representantes disso tudo foi o Led Zeppelin. Compondo com o Black Sabbath e o Deep Purple os pilares do que iria se tornar o heavy metal, a banda é de importância ímpar para esse e outros estilos dentro do rock. E dentro do Led estava John Bonham, considerado por muita gente o maior baterista da história do rock. Influência de 10 entre 10 bateristas de rock que vieram depois, Bonham não se destacava apenas por tocar rápido, ou por tocar pesado, ou pelas afinações das peles de sua bateria. John tirava sons que até então não se pensava que um sujeito sozinho com um instrumento pudesse fazer. Sua técnica, pegada e feeling são inigualáveis, basta ver qualquer registro ao vivo de “Mob Dick”. Sua morte não representou apenas a perda de um dos maiores músicos do rock mas também o fim de uma das maiores bandas de todos os tempos.
BON SCOTT
DAVE MUSTAINE
O sujeito que fez de um projeto de vingança (aqui, no bom sentido) a maior motivação de sua vida durante um bom tempo acabaria deixando seu nome marcado na história do heavy metal. Aquele guitarrista loiro, com voz de “pato rouco”, que andava invariavelmente chapado, que foi mandado embora do Metallica, um dos maiores expoentes do metal, e que jamais se conformou com isso, montou a sua própria banda visando fazer um material melhor que o de seus antigos comparsas. Daí nasceria o Megadeth, uma das maiores e mais influentes bandas de thrash metal de todos os tempos. Seguindo uma linha com canções mais rápidas e de instrumental um pouco mais elaborado que sua banda anterior, o Megadeth gravou obras que podem figurar entre os clássicos do thrash e que proporcionaram à banda ser um dos pilares do estilo, ao lado de nomes como Slayer e o próprio Metallica. E tudo isso partiu da iniciativa de Mustaine que, embora em várias vezes quis tomar todas as decisões e fazer todas as composições do grupo sozinho, além de até hoje ainda não ter bem resolvido consigo mesmo a “questão Metallica”, o simples fato de ser ele a pessoa por trás de um grupo com a discografia do Megadeth já lhe garante cadeira cativa dentre os grandes do metal.
DAVE MURRAY
Se você disser a um leigo em se tratando de heavy que o sujeito que gravou alguns dos mais clássicos riffs e solos da história do metal é um cidadão tímido, calmo e sorridente, ele provavelmente vai duvidar. Mas é exatamente essa a descrição de Dave Murray, o lendário guitarrista de cabeleira loira que empunha há quase 30 anos as 6 cordas no Iron Maiden ao lado de seu eterno companheiro, o baixista Steve Harris. Reconhecido como uma das pessoas mais humildes e “boa-praça” do meio, sua simplicidade é tamanha que não permite que se dê a ele a real importância que merece. Dave não está nem entre os 3 principais compositores de sua banda e, por vezes, é considerado um guitarrista que faz harmonias e estruturações simples, mas a verdade é que a obra de Murray ficará mais marcada e terá (na verdade, já tem) mais influência do que pelo menos 90% de todo o acervo do heavy metal em todos os tempos. Desde o primeiro álbum da banda, Dave sempre dividiu o trabalho de guitarras com outros, principalmente com seu parceiro e colega de infância Adrian Smith, a quem ele inclusive ensinou os primeiros acordes com o instrumento e com quem Dave formou uma das duplas de guitarristas mais entrosadas e clássicas do rock. Atualmente, Dave forma uma parede sonora de 3 guitarras no Maiden com Smith e seu outro amigo Janick Gers. Além de ser não menos do que excepcional no seu ofício, Murray imprime ao som do Maiden um feeling que não adianta tentar ficar aqui explicando. Basta ouvir seu trabalho em canções como “Hallowed Be Thy Name”, “Phantom Of The Opera”, “Killers”, “Where Eagles Dare”, “Fear Of The Dark” e mais uma infinidade e entender o que estou dizendo. No Maiden, cada um contribui com sua característica pessoal para fazer a força do conjunto, que é o que mais chama a atenção na banda, mas é muito difícil imaginar uma canção do Iron sem o timbre e o sentimento da guitarra de Dave.
GENE SIMMONS
Sim, ele sempre foi um marketeiro e dos bons. Sim, por trás daquela maquiagem toda está um homem de negócios, que vê possibilidade de lucro nos menores detalhes. Sim, sua banda chegou a um ponto em que a parte visual, seja por meio de maquiagens, roupas, cenários, luzes, fogos de artifício, etc, etc, etc, era tão importante quanto a própria música. Mas se você viveu ou pelo menos tem idéia do que foi a “Kissmania”, tem a obrigação de dar a devida importância ao Kiss e a todos os seus feitos na história do rock. Fazendo o seu som festivo, com letras longe de serem politizadas ou obscuras, mas que exaltavam o rock’n roll, o sexo e a festa, a banda está entre as que conseguiram uma das maiores legiões de fãs por todo o mundo. E o símbolo máximo de tudo isso é Gene Simmons. Como falar de Kiss e não se lembrar de sua carranca de mau, da língua enorme pra fora da boca, que talvez tenha se tornado a maior marca-registrada da banda, dos “vôos” sobre a platéia, do sangue jorrado pela boca e do vocal em contraponto ao de Paul Stanley? O Kiss não é heavy metal, tende mais para o hard rock, mas definitivamente não tem como pensar em um som um pouco mais pesado e não ter a imagem dos caras à lembrança. E lembrar de Kiss é lembrar sobretudo de Gene Simmons.
IAN GILLAN
“Child In Time”. Apenas esse nome já bastaria para se entender sobre o assunto que está sendo tratado. Só que o arsenal de Ian Gillan para ser apresentado àqueles que se aventuram a ouvir um bom rock é muito maior. Aqui é o típico caso do sujeito que entra em uma banda que já é ótima e faz sua qualidade subir para a estratosfera. O Deep Purple é uma banda seminal, obrigatória para qualquer um que queira discutir o que quer que seja sobre rock. Fazendo um som pesado para a época, com algumas nuances de progressivo e influências de música clássica, a banda compôs ao lado do Black Sabbath e do Led Zeppelin o alicerce sobre o qual ergueriam-se todas as formas de rock mais pesado que vieram depois. E ao se escutar Ian Gillan, é até meio difícil de acreditar que alguém pudesse atingir notas tão altas, com tanta intensidade e de forma tão bela. Gillan ainda gravaria um outro clássico (Born Again) no Black Sabbath. São muitos os vocalistas que o tiveram como influência básica, assim como são muitos os que tentaram imitar o seu estilo, mas conseguir isso é coisa pra muito poucos. Hoje a voz de Gillan pode não ter a mesma potência e alcance de outrora, mas sua elegância e categoria talvez sejam até maiores que nos seus tempos de auge. Um verdadeiro mestre.
JIMMY PAGE
Nem seria necessário falar muita coisa sobre Jimmy Page, seria muito mais fácil colocar os 4 primeiros álbuns do Led Zeppelin pra tocar, isso pra não dizer a obra inteira da banda, e tirar as conclusões. Eis um dos maiores monstros da história do rock. Sua banda foi de importância fundamental para tudo o que viria a acontecer depois e Page era a mola propulsora de tudo aquilo. Seus riffs e solos, às vezes simplistas, às vezes muito complexos, associados a seus experimentalismos e sua verdadeira paixão pelo ocultismo ditaram o caminho para boa parte do que se seguiu ao Led Zeppelin. Mesmo se o indivíduo não gostar da banda, é muito grande a chance de ele gostar de algum outro músico ou grupo que tenha se inspirado nos caras, em especial em Page.
RITCHIE BLACKMORE
Gênio. Assim como Jimmy Page, uma outra lenda da guitarra. Além disso, a fagulha que geralmente acendia a criatividade por trás da obra do Purple, e olha que estamos falando de uma banda por onde passaram músicos do porte de um John Lord, um Ian Paice, um Ian Gillan, um Roger Glover, um David Coverdale, um Glenn Hughes. O próprio Lord já disse que, na maioria das vezes, o pontapé inicial para o que o Purple fazia saía da cabeça de Blackmore. Seu temperamento difícil e seus problemas de relacionamento com outros integrantes da banda, notadamente com Ian Gillan, sempre dificultaram as coisas e, por fim, o levaram a abandonar o barco. Mas sua genialidade, que também seria exibida em outras bandas e que atualmente pode ser observada de uma forma totalmente diferente em seu projeto “Blackmore’s Night”, já é imortal.
KING DIAMOND
Kim Bendix Petersen sairia da Dinamarca para se tornar um dos artistas mais ‘cults’ do heavy metal. Considerado por muitos uma lenda, King Diamond destacou-se não apenas pelo seu vocal peculiar, com variações extremas desde o mais agudo até o gutural e abusando dos falsetes. O vocalista do Mercyful Fate e da banda King Diamond foi também um dos mais criativos intérpretes do metal. Seus álbuns não eram apenas um conjunto de músicas, contavam toda uma história, geralmente uma história de terror e nem sempre com final feliz. Diamond dava vida, por meio de sua voz e interpretação, aos vários personagens das letras de suas canções e conduzia o ouvinte a um mundo obscuro, sofrido, carregado por histórias de amor e ódio, onde nem sempre o bem era o bem e o mal era o mal. Talvez ele não tenha os mesmos recursos de um Dio ou um Bruce Dickinson, mas a maneira como conduz seu vocal em sintonia com o que está cantando é o que faz a sua diferença. Sempre cercado de excelentes músicos e dono de uma discografia que traz alguns clássicos do metal, eis aqui um representante do estilo que merece reconhecimento até maior do que já tem e que, sem dúvidas, influenciou muitos de nós que gostamos ou respiramos metal.
LEMMY KILMISTER
Após tantos anos fazendo cara de poucos amigos, acendendo um cigarro atrás do outro, entornando litros e mais litros de uísque, envolvendo-se com inúmeras mulheres, tudo o que Lemmy Kilmister conseguiu foi acabar se tornando uma lenda viva do rock. O frontman do Motörhead, além de liderar uma das bandas mais cruas, diretas e rockeiras de que se tem notícia, sempre foi tido como uma das maiores personas desse meio. Desde o começo como roadie de ninguém menos do que Jimi Hendrix, até o estrelato como vocalista e baixista do Motörhead, Lemmy segue fazendo sua história. Há anos executando seu som sem firulas, com o velho baixo Rickenbacker distorcido e o vocal inconfundível já à primeira ouvida, o indivíduo levou sua banda a ser uma das grandes influências de vários grupos que viriam a seguir, sobretudo nos anos 80. A pancadaria e a barulheira de seus trabalhos logo conseguiriam pinçar adeptos por onde passavam. E Mr. Kilmister segue por aí, sem frescuras ou concessões desnecessárias. Dizem que faz há 3 décadas a mesma coisa, mas ainda funciona e bem.
KERRY KING
Depois de mais de 2 décadas e toneladas de decibéis, o Slayer hoje pode dizer que fez o que tinha que fazer. A banda, que atingiu hoje o reconhecimento como um dos maiores nomes do metal em todos os tempos, e que serviu de influência para um sem-número de outras bandas, traz em Kerry King o exemplo mais fidedigno de tudo aquilo que sempre representou. Com toda a sua temática e letras de conteúdo satanista, rebelando-se contra todas as formas organizadas de religião e com um objetivo claro de cada vez mais chocar, o Slayer de King rapidamente se destacaria dentre o grande número de bandas de thrash metal que surgia em idos dos anos 80. King não está nem um pouco preocupado com as críticas e nem com os elogios. Apenas segue fazendo o negócio da forma que sabe e quer. E o que ele sabe fazer é um som dos mais raivosos, pesados e enérgicos que é possível fazer. Qualquer um que já foi a um show do Slayer sabe o que é levar o metal às últimas conseqüências em termos de energia, virulência e agitação. E o hoje careca barbudo lá em cima do palco é um dos grandes responsáveis por isso tudo.
ANGUS YOUNG
Aquele sujeito franzino, com um jeitão todo esquisito de ficar no palco e de empunhar seu instrumento, é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Mais que isso, é praticamente uma síntese do que representa o rock. Seus timbres de guitarra, riffs, solos e melodias fazem de sua banda uma das mais importantes e adoradas entre todas. Afinal, o AC/DC é admirado por muita gente que nem é tão fã assim de rock, o que dizer então dos que são. Não importa se o negócio do sujeito é hard, heavy, thrash, death, white, black, hardcore. Quando se fala o nome Angus Young, ou é tratado com idolatria ou, no mínimo, com um enorme respeito. E isso, obviamente, são pouquíssimas as pessoas que conseguem obter.
RONNIE JAMES DIO
JAMES HETFIELD
BRUCE DICKINSON
Se o Iron Maiden foi a banda que reinventou o metal, Bruce Dickinson foi o cara que reinventou o Iron Maiden, mesmo que a banda já tivesse gravado 2 clássicos na voz de Paul DiAnno. Não há como negar que o Maiden atingiu um outro patamar com Dickinson, em todos os aspectos. É cair no óbvio falar sobre as habilidades de Bruce como vocalista. A beleza da voz, o alcance, a capacidade de interpretação, a potência, a variação de tons, tudo isso associado a um carisma e capacidade de dominar o público como talvez nenhum outro vocalista tenha, fazem de Dickinson uma lenda viva do metal. Sua presença de palco é capaz de hipnotizar platéias em qualquer lugar por onde o Maiden passe, seus gestos largos, às vezes até exagerados, o fazem parecer bem maior do que sua real estatura. Mas o vocal de Mr. Air Raid Siren, até hoje um dos mais competentes do circuito do metal, garantiu ao mundo alguns dos melhores momentos do heavy metal. Isso sem falar no que já tinha feito com o Samson. E, como se já não bastasse, ainda levou adiante uma carreira solo composta por alguns álbuns que estão entre as melhores coisas feitas no metal nos últimos anos. Definitivamente, um artista que dispensa maiores comentários.
ROB HALFORD
A voz que fez a maior parte da história do Judas Priest, um dos grandes precursores do metal. Halford não mudou o metal apenas enquanto som, ele também mudaria o metal enquanto atitude e visual. Vários dos clichês do heavy, como tachas de metal, roupas de couro e outros adereços teriam início com Halford. A banda que pegou todo o peso do Black Sabbath e acrescentou uma velocidade maior, transformando-se numa das mais clássicas da história do rock pesado e que influenciaria tantos grupos que se seguiriam, alguns dos quais se tornariam gigantes, conheceu seus melhores anos tendo Halford como seu frontman. O vocal alto, potente, típico do mais clássico heavy metal, até hoje uma referência dentro do estilo e ainda em plena forma, caracteriza tudo aquilo que o metal representa. Afinal, quer maneira melhor de contar a alguém sobre o que é o heavy do que colocar o sujeito para ouvir “Painkiller” ou “Metal Gods”?
STEVE HARRIS
O que mais há para se dizer sobre Steve Harris? Que é um dos maiores baixistas de todos os tempos? Que saíram da cabeça do cara alguns dos maiores clássicos de toda a história do metal? Que ele fez um baixo ser ouvido com destaque dentro de uma banda de heavy? Que a fé em suas convicções o fez construir a banda que melhor sintetiza o que é o metal? Que apesar de todas as suas conquistas, não se entregou a modismos ou concessões, não escolheu o caminho do sucesso fácil e efêmero e que optou por manter a dignidade e a sinceridade em todo o seu trabalho? Tudo isso já deve ter sido falado e escrito à exaustão. O fato é que Harris é a alma do Maiden, o coração que faz pulsar o grupo. Mesmo que, em vários momentos, sua liderança sobre a banda chegue perto da ditadura, o que, por vezes, se mostrou condenável, é inegável que também foi sua força de vontade e talento os fatores que mais contribuíram para que o Iron chegasse onde chegou. Steve Harris jamais foi aquele tipo de rockstar envolvido em brigas, overdoses, bebedeiras descontroladas. Não faz o tipo arrogante frente a seus fãs ou a jornalistas. Também sempre se esforçou para entregar a esses fãs o melhor trabalho possível, mesmo quando o resultado final não convencesse a todos. Harris até hoje procura produzir coisas inéditas ao invés de apenas explorar o passado glorioso de sua banda. E ainda consegue fazer um som de alta qualidade e conquistar novas gerações de fãs pelo mundo afora. Depois de 50 anos de vida, prefere tocar com menor freqüência mas continuar apresentando em cada performance a mesma energia de 25 anos atrás. Como se já não bastasse ser o músico que é e o compositor que é. O Maiden não é grande apenas pelo som fantástico que sempre fizeram. É grandioso porque é feito por pessoas grandiosas. De fato, uma história espetacular para alguém que queria apenas ser jogador de futebol.
OZZY OSBOURNE
Muita gente há de concordar: Ozzy é a figura mais carismática do heavy metal. O cara foi por anos a voz do Black Sabbath, a banda que criou as bases do gênero. Seu vocal totalmente peculiar, sinistro, difícil até mesmo de ser imitado, deu vida a algumas das músicas que viriam a definir toda a temática do metal, bem como algumas de suas principais características. Sua interação com o público não fica atrás e quem já conferiu o “Madman” ao vivo sabe que mesmo a figura por vezes caricata ou totalmente chapada que subia aos palcos tinha uma capacidade gigantesca de trazer o público na mão. Além de toda a história que construiu ao lado de Iommi, Butler e Ward, Ozzy também construiu uma bela carreira solo, com alguns excelentes discos e sempre se cercando de músicos do mais alto gabarito. Os excessos que se estenderam por tantos anos cobraram um preço muito alto. Aquele que era tido por muitos como o maior representante do heavy metal perdeu demais em termos de potência de voz, afinação, vigor físico e até mesmo capacidade de discernimento. Além disso, acabaria mostrando com os anos um lado totalmente inseguro e influenciável, sobretudo pela esposa. Sua adesão ao mundo “mainstream” e a participação em coisas descartáveis como reality shows pode até deixar uma mancha em sua carreira, mas nada que diminua a importância de seu legado para o metal. Ozzy não apenas ajudou a construir a história do rock pesado, ele é a própria história. Ainda hoje, quando tem dificuldades para cantar e até mesmo se locomover em palco, a sua simples presença consegue gerar uma euforia na audiência que só mesmo caras diferenciados, aqueles que têm alguma coisa que ninguém sabe explicar direito o que é, são capazes de despertar. Ozzy não é apenas mais um artista dentro do universo do metal, ele é ao mesmo tempo a causa e a conseqüência de tudo isso.
TONY IOMMI
Se um dia alguém tivesse obrigatoriamente que escolher uma única pessoa para dizer que ela era o criador, o pai do metal, esta pessoa teria que ser Tony Iommi. Vivendo num mundo com Jimmy Pages, Eric Claptons, Ritchie Blackmores, Jimi Hendrixes, Rory Gallaghers, Iommi não era o sujeito que fazia as escalas mais complexas de todos os tempos e nem o que tocava 20 notas por segundo. Mas também não precisava pois o som que tirou de sua guitarra era algo que ninguém tinha feito até então. O timbre, o tipo de afinação, o peso que era absurdo já naquela época e que ainda é difícil de se conseguir até hoje. Mais que isso, a união dos acordes criava melodias obscuras, assustadoras, pesadas não só pela distorção da guitarra mas também por sua essência. Todo esse som, associado a letras místicas, carregadas de ocultismo, que davam margem a dupla interpretação, formariam o que o mundo conhece até hoje como Black Sabbath, provavelmente a banda mais influente da história do metal e também um dos grupos mais inovadores de toda a música. Depois do Sabbath, o rock nunca mais seria o mesmo. A banda havia criado o som que serviria de base para toda e qualquer coisa que pudesse ser chamada de metal posteriormente. E a guitarra de Iommi era o que guiava o som do grupo. Os riffs que ele criou definiram o heavy metal e foram copiados por inúmeros conjuntos que surgiriam no decorrer dos anos. Durante toda a década de 70 e início dos anos 80 o Black Sabbath seguiu um caminho de evolução técnica, sem abandonar a brutalidade de sua música. Vocalistas fabulosos passaram pela banda e com todos eles Iommi conseguiu gravar algum clássico do heavy metal. Até hoje, com todas as traquinagens da tecnologia moderna, com todos os efeitos possíveis de se conseguir com uma guitarra, ainda é difícil fazer algo que supere o peso do som de Iommi, pois não é um peso relativo apenas a distorção, está relacionado ao espírito da música em si. Coisa que nem todo virtuose consegue mas que somente um gênio é capaz de fazer.
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