terça-feira, 28 de junho de 2011

Jon Bon Jovi: A histórica entrevista com Larry King-parte 1

Em 16 de Agosto de 2006, o vocalista do BON JOVI, JON BON JOVI, concedeu uma entrevista exclusiva ao programa de entrevistas de maior repercussão da história dos EUA, o LARRY KING LIVE, apresentado por Larry King, que se aposentou no ano passado.
A entrevista, detalhada e muito pessoal, aborda pontos da carreira e da vida pessoal do músico que raramente são aproximados. O texto abaixo é uma transcrição fiel do áudio do programa.

LARRY KING, Host da CNN: Hoje à noite, JON BON JOVI, ídolo do rock por duas décadas e ainda emplacando sucessos que fazem história na música e mais pessoas vão a seus shows do que os de quase todo mundo por aí. Como ele consegue isso? O que ele tem a dizer sobre todas essas manchetes de tablóides fofocando sobre seu colega de banda Richie Sambora, Heather Locklear e Denise Richards?

Jon Bon Jovi está no próximo bloco de LARRY KING LIVE.

KING: Uma grande noite pela frente com uma de minhas pessoas favoritas, Jon Bom Jovi, seu disco mais recente, ‘Have a Nice Day’, e aqui vocês podem ver a capa, subiu feito um foguete mais uma vez pro topo das paradas e é todo baseado em música country. O poder de permanência dele é incrível. O grupo já vendeu mais de 100 milhões de discos e permanece entre os 10 maiores shows.
Por que country?

JON BON JOVI: O grande presente que você tem nessa situação é que nós simplesmente escrevemos uma boa canção que transcendia qualquer formato para as rádios. Era um hit pop também. Muitas de minhas canções foram coverizadas por outros artistas do country.

Com essa, quando Richie e eu a escrevemos, achávamos que seria uma grande idéia se pudéssemos entrar nas rádios country, mas sabíamos que o formato estava fechado para uma banda de rock então procuramos a ajuda de um artista country.
E nossa gravadora sugeriu um artista totalmente novo e eu disse que eu gostaria que ela nos garantisse três exigências. Eu tenho que gostar da voz dela. Eu tenho que gostar das músicas que estão no disco dela a ser lançado. E daí eu tenho que acreditar que ela desempenha bem a nossa letra.

KING: Ela canta com vocês então?

BON JOVI: Jennifer Nettles de uma banda nova chamada Sugarland, não deixou pedra sobre pedra.

KING: Você está surpreso com o sucesso da música?

BON JOVI: Não muito, pra ser honesto com você, porque eu realmente acredito que muitos dos jovens artistas country dessa geração provavelmente cresceram mais próximos de minha música do que cresceram com a de Patsy Cline e Woody Guthrie, e você sabe, os criadores do que era o country.

KING: Você curte o gênero?

BON JOVI: Muito.

KING: Você vai gravar mais nesse estilo.

BON JOVI: Sim. Eu acho, de coração, que meu próximo disco será muito influenciado pela cena de Nashville.

KING: Então, agora você vai ser do sertão?

BON JOVI: Não.

KING: Você vai se dar bem em Nashville e em Green Point, na Carolina do Norte.

BON JOVI: Bem, nós geralmente tocamos nesses lugares mesmo…

KING
: Você se sente renascido de algum modo?

BON JOVI: Sim.

KING: Como se o Bon Jovi estivesse na moda de novo?

BON JOVI: Sim.

KING: Mas na verdade vocês nunca deixaram de estar.

BON JOVI: Bem, não há modismos e tendências para nenhuma carreira de verdade. Não estamos falando de carreiras de um, dois, cinco ou dez anos. Depois que você passar 20 anos, daí você pode começar a conversar comigo sobre ter uma carreira. E eu já subi esse morro e agora estou no vigésimo – quarto ano de minha carreira fonográfica. Sim, tivemos altos e baixos, mas esse é um dos altos e é muito bom.

KING: Você está sempre ciente de quando os baixos estão acontecendo?

BON JOVI: Qualquer carreira tem isso e eu acho que enquanto você está nela – você saberá quando está por baixo. Eu não sei se você vai aceitar isso.

KING: Vamos assistir a um clipe de uma apresentação sua. Você gosta – muitos artistas não gostam de assistirem a si próprios. Você gosta de assistir a si mesmo?

BON JOVI: Não me importo. Fico muito à vontade quando me apresento em estádios de futebol lotados de gente. Eu já encontrei muitos artistas que me surpreenderam, que não gostam de se apresentar e à medida que eu…

KING: Muitos astros não querem se ver na tela.

BON JOVI: É como eu ganho a vida. Eu fico muito à vontade assim. Sem problema.

KING: Você está tocando em grandes estádios agora, estádios de beisebol, estádios de futebol?

BON JOVI: Estádios de beisebol e futebol, sim.

KING: É mais difícil?

BON JOVI: De modo algum. Se eu toco como vou tocar hoje pra cinco pessoas aqui, quero soar tão bom quanto queria ontem à noite em Miami, Flórida e amanhã à noite em Montreal, absolutamente.

KING: Isso é verdade. É a mesma coisa.

BON JOVI: Sim.

KING: Você quer dar o melhor de si a todo custo.

BON JOVI: Com certeza.

KING: Mas não dá pra rolar algo intimista no Giants Stadium.

BON JOVI: Eu sinto que como performer eu posso deixar íntimo, sabe? Eu vou te dar um grande exemplo. Ontem à noite estávamos tocando e alguém levantou uma faixa e estava a umas 30 fileiras de distância do palco. Ela dizia, “Nosso primeiro encontro, Bon Jovi, 1985, Meadowlands, Nova Jérsei.” Chamou minha atenção e eu disse algo a eles.
Meia hora depois eu vejo um cara e uma mina pulando pra cima e pra baixo feito loucos, é óbvio que ele tinha acabado de pedir ela em casamento durante uma de nossas canções. Eu parei de cantar e a banda continuou a tocar e eu deixei eles solarem até cansarem e disse, “Você acabou de pedir ela em casamento?” “Sim.” Eu virei um holofote pra eles, sim, a banda continuava a tocar. Eu nunca perdi o ritmo, e quando você faz isso num estádio cheio de pessoas, elas sabem que você está prestando atenção nelas e você pode tornar um estádio de futebol algo íntimo.

KING: Você tem o quê, uns 44 anos?

BON JOVI: Sim.

KING: Você se vê fazendo isso aos 60 anos de idade?

BON JOVI: Já me fizeram essa pergunta muitas vezes. Nós sempre tivemos os Rolling Stones como nossos modelos de inspiração.

KING: [Inaudível] pra sempre.

BON JOVI: Eu não acho que eu estarei excursionando e fazendo as coisas tão ativamente como Mick Jagger o tem feito quando eu tiver a idade dele, mas eu também acho que eu ainda tenho muito mais a conseguir e espero conseguir.

KING: É algo financeiro? Eu quero dizer que você não precisa do dinheiro.

BON JOVI: Não, não.

KING: Você podia se aposentar?

BON JOVI: Ah, certamente, sim, por muitas encarnações.

KING: Então quando você está nessa posição, logo você não tem mais gana.

BON JOVI: Não é verdade. Eu quero provar isso todo dia. Eu fico raivoso com o lançamento de cada disco para provar pra próxima geração que está vindo depois de mim o que eu estava caçando, com certeza. Não, não é o caso.
Tenho a mesma gana que sempre tive. Você quer escrever o melhor disco que você conseguir e você tem que sair e ir lá lutar por aquela colocação. Não, nossa reputação foi construída com luta.
KING: Sem querer citar nomes, mas Frank Sinatra sentou nessa mesma cadeira onde você está.

BON JOVI: Aí sim.

KING: Mesmo no ápice da carreira dele, quando ele sobe ao palco, há um momento, talvez 10 segundos, onde ele imagina se aquilo é real, ou se tudo está se dissipando. Já sentiu isso?

BON JOVI: Toda noite.

KING: Você já teve isso?

BON JOVI: Toda noite. A parte mais importante do show é o segundo quando as luzes da casa se apagam e você tem que dizer a si mesmo, eu não me importo como eu me sinto, eu sou o Super-Homem, certo? Esse é o momento mais importante do meu dia. O resto é um saco, viajar, entrevistas, hotéis, outro sanduíche e você se pergunta: eu ainda mando bem? Já mandei bem alguma vez? Vou mandar bem alguma vez de novo? E isso é parte de ser um performer.

KING: Ele também dizia que há muito a ser dito sobre longevidade.

BON JOVI: Fato, o cara…

KING: Você está por aí faz tempo. Alguém está fazendo alguma coisa certa.

BON JOVI: Persistência, continuar honesto. Eu não pulei em modinhas e em embalos quando elas vieram e foram embora e muitos dos meus colegas o fizeram.

KING: E quanto às críticas?

BON JOVI: Todo mundo tem seus críticos. Jesus tinha seus críticos. Qualquer presidente tem seus críticos e você e eu temos nossos críticos.

KING: [Inaudível].

BON JOVI: Eu aceito isso – de qualquer um menos de você. Eu posso aceitar críticas criativas. Eu realmente posso. Se alguém quisesse me mostrar algo especificamente em relação a uma música ou uma apresentação pífia, eu concordo, mas a única resenha com a qual eu realmente me importo é, ah sim, a propósito, você queria pagar dinheiro pra ver o show essa noite? Você queria pagar dinheiro para a compra do disco esse ano?

Isso fala em volumes. Eu não preciso de tapinhas nas costas e elogios dos críticos?
KING: Isso te irrita?

BON JOVI: Não que algumas delas – não que todas elas sejam más, a propósito.
KING: Claro e você tem sido muito elogiado. Você já foi ajudado por um crítico onde
um crítico tenha dito algo e você disse, quer saber, ‘Esse cara tá certo?’

BON JOVI: Sim, com certeza e eu posso aceitar críticas duras, se eu concordar com elas. E um exemplo foi – baseado em uma recreação, se você quer saber. Nós regravamos alguns de nossos maiores sucessos em um ambiente acústico porque eu fico muito à vontade nesse clima. Alguns caras vão te dizer que nós merecemos crédito por criar uma forma de arte em uma apresentação da MTV muitos anos atrás.

Nós gravamos, e eu me senti incrivelmente artístico por isso, você sabem esse [Inaudível] o lançou. Falhou miseravelmente, falhou. E eles disseram, não mexam com nossas memórias. Me bateu na cabeça tal como um martelo. Eu estava chamando aquilo de arte. Eles queriam ver o que eles chamavam de arte e da forma original como foi gravado, então isso é o que chamo de uma crítica criativa. Não farei aquilo de novo.

KING: Voltamos já com Jon Bon Jovi. O novo sucesso dele, grande sucesso, corrigindo, se chama ‘Have a Nice Day’. Eu me pergunto de onde esse nome veio. Não saiam daí.

[PAUSA PRO COMERCIAL]

O LOKAOS continua a publicar essa entrevista amanhã, com a segunda parte de uma série de sete trechos. Não perca!

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