sábado, 16 de junho de 2012

Demo Clipe: a evolução natural das demos em fita e CD?

Há algumas décadas atrás o maior orgulho de uma banda recém formada era poder exibir uma fita cassete encapada com seu logo, ou não, contendo três ou quatro músicas autorais gravadas quase sempre em condições técnicas pouco favoráveis. Era a chamada “Demo Tape”, que hoje virou artigo de colecionador saudosista.

O tempo passou, a tecnologia obrigou as bandas a aposentarem a velha fita cassete e a substituí las pela qualidade inquestionável dos CD´s.

A digitalização facilitou os processos de gravação e, apesar de ainda onerosas, a confecção do “Demo CD” tornou se a forma obrigatória de apresentação de uma nova banda ao mercado. O velho conceito de que o importante era criar seu próprio som e grava lo do jeito que desse estava definitivamente sepultado.

Para chamar a atenção um “Demo CD” precisava ter qualidade sonora e visual. De preferência com apresentação impecável. A imagem era “quase tudo” no mundo do rock e “tudo” no mundo do pop.

Sua divulgação dependia quase que exclusivamente das revistas especializadas e de um ou outro programa de rádio que por motivos óbvios (falta de tempo e espaço) não dava conta da demanda de boas bandas que apareciam. A seleção de quem era notícia ou ia ao ar dependia de quem chamasse mais a atenção e é claro que uma boa capa aliada a um bom release ajudava muito nessa hora. O bom e velho “boca a boca” também ajudava, mas não colocava ninguém na mídia.

Foi quando chegou a Internet e com ela o Napster, programa de compartilhamento de arquivos que mudou o mundo da música como nunca antes.

A facilidade de acesso e o custo quase zero está praticamente enterrando as mídias físicas sete palmos abaixo da terra. Chegamos enfim a tal “Era Digital”!

Brigas na justiça, lobby de gravadoras, discussões públicas que expuseram bandas e arranharam sua reputação, “chororô” de músicos e gravadoras que vendiam milhões. Nada disso adiantou e os sites de downloads estão por aí. E mesmo que se feche um, outros dois serão abertos. O caminho é sem volta e o famoso “sistema” insiste em lutar contra.

Dentre tantas interrogações que visam prever o futuro uma me chamou a atenção porque, pelo menos em meu ponto de vista, está começando a ser respondida:

“Qual a forma mais eficiente de se promover uma banda que acabou de sair do forno?”

Como produtor do Programa MultRock tenho notado uma tendência crescente ao escolher os clipes das novas bandas autorais que vamos ajudar a divulgar no programa: a maioria delas prefere investir seus recursos financeiros na edição de um clipe bem produzido do que na gravação de um álbum com dez ou doze músicas.

Ao longo dos meses fui entrando em contato com cada uma delas para pedir informações e autorizações de exibição e notei que em alguns casos a banda sequer havia feito um show ao vivo! Outras tinham apenas três canções gravadas!

Mas todas tinham seu próprio site e disponibilizam suas composições para download gratuito.

O detalhe mais interessante é que os clipes têm uma produção impecável e utilizam o que há de mais moderno em termos de edição. Quando a banda promove o lançamento do clipe nas redes sociais já se referem a ele como “nosso novo single” ou “nosso primeiro single”. Isso me lembra muito o Compact Disc, muito popular nas décadas de 60, 70 e início da de 80.

Será que é uma volta no tempo?

Pelo que parece, e ao contrário do que se pensava, o número de downloads nos sites talvez não tenha a mesma importância que o número de visualizações no Youtube.

O que define o sucesso ou o anonimato de uma banda é o número de pessoas que visualizaram o seu som. Deu pra entender? “Visualizar o seu som”...

Não é incomum que alguns músicos possuam uma rede de amigos que diariamente tem o trabalho de dar um ou mais “plays” nos sites de hospedagem dos clipes.

Dentre as boas bandas que conheci nessas circunstâncias três delas me chamaram a atenção pela qualidade de suas músicas e de seus clipes: TRIGGERZ, DIRTY GLORY E TIER.

Essa última conseguiu até colocar a modelo e ex dançarina do latino, Andressa Urach no clipe da música “Sem Saída” que foi apresentada na 10ª edição do MultRock e que você pode conferir no link abaixo.



Diante dessa “nova ordem mundial” só me resta acreditar que o futuro das bandas iniciantes está no “Demo Clipe” e na volta da divulgação “boca a boca”, ou melhor, “página a página” já que as redes sociais invadiram nossa vida e se tornaram uma importante ferramenta de divulgação. Sinais da revolução tecnológica.

E assim será por um bom tempo. Ou até que uma nova revolução nos pegue de surpresa.

1 COMENTE AQUI:

  1. Vocês só se esqueceram de citar o autor, no caso "eu", Afonso Ellero

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