domingo, 22 de abril de 2012

Colunas - A. Deris - Edu Falaschi e Thiago Bianchi - hipócritas do Metal nacional

Desde que o festival Metal Open Air foi anunciado em novembro do ano passado e começaram a aparecer as primeiras informações, quem acompanha notícias sobre Heavy Metal já ficou com um pé atrás: parecia um passo maior que as pernas para uma primeira edição. Muitas bandas nacionais e internacionais em um mesmo evento e isso pede toda uma estrutura gigantesca por trás.

Para quem tem amigos tanto no meio musical quanto técnico dentro desse cenário, as notícias nunca foram animadoras. Para variar, a maioria dos problemas estava sendo empurrada com a barriga naquela velha máxima brasileira de "vamos resolver tudo na última hora" e aí, tivemos todos os empecilhos nos últimos dois dias e que devem ainda causar muita dor de cabeça aos responsáveis da Lamparina Produções e Negri Concerts.

Veja bem, imprevistos sempre acontecem. As quatro edições do Rock In Rio também tiveram seus problemas e cancelamentos, mas tudo pode ser contornado com uma equipe competente por trás e muito, muito planejamento. O próprio Roberto Medina, criador e produtor dos RIR, sempre menciona o cuidado e antecipação que um evento desses deve levar para minimizar ao máximo os riscos.

Da minha parte, nunca existiu algum preconceito estúpido pelo festival ser em São Luís do Maranhão e não no Sudeste, onde resido. Pelo contrário, é óbvio que os custos para se fazer um bom festival por lá são muito mais plausíveis do que se o mesmo evento ocorresse em São Paulo. Fora isso, o fantástico público nordestino estava carente de grandes shows e o Metal Open Air seria uma resposta a tudo isso.

Infelizmente, o que vimos nos últimos dias foi a confirmação dos nossos temores: Descaso, incompetência, amadorismo e desrespeito aos fãs e bandas.

Tudo o que aconteceu no M.O.A está detalhado por aqui para se ler e tirar as próprias conclusões. O festival segue aos trancos e barrancos, mas o que mais me chamou a atenção, foi a reação de dois músicos que nos últimos meses bateram a mão no peito e falaram "Metal brasileiro é com a gente", criando idéias como o "Dia nacional do Metal" ou divulgando manifestos no teor de "Levantem e gritem" e "público paga pau de gringo, vamos prestigiar a cena nacional". Me refiro, claro, a Edu Falaschi e Thiago Bianchi.

Pois bem, sobre o segundo, sua banda Shaman criou o hino do festival. Uma letra boba e infantil, que provavelmente cairá no esquecimento após tudo que tem acontecido. Mas o interessante, para quem defendia com unhas e dentes a união e fortalecimento de uma cena nacional, é que Thiago não se manifestou uma única vez sobre os problemas que as bandas brasucas estavam enfrentando com a produção do evento.

Para quem não acompanhou de perto, a Lamparina e a Negri não acertaram o cachê da maioria das bandas nacionais e algumas internacionais também até às vésperas de suas apresentações. Pior: seus representantes, a uma semana do evento, desapareceram do contato dos músicos e não respondiam mais às ligações. Com isso, os músicos estavam sem passagem aérea e hospedagem garantida.

Muitos ainda foram ousados e pagaram passagens do próprio bolso, mas chegando a São Luís, não conseguiram contato com alguém da produção perdendo tempo, dias de trabalho (muitos mantém trabalhos paralelos para o sustento) e, claro, dinheiro.

Mas onde estava o vocalista do Shaman para peitar esta situação como "símbolo" do Metal nacional e intermediar uma negociação? A única manifestação de Thiago em seu Twitter foi um irônico:

"É num valia a pena mesmo vir no MOA..Haha perderam! "

Perderam o que, Thiago? Nessa, meu amigo, quem perdeu foi você uma ótima oportunidade de ficar quieto ou se posicionar com seus colegas de bandas. É assim que você pretende unir a cena? Essa é a sua visão de evento bem feito e profissionalismo dentro do Heavy Metal?

Do outro lado, temos Edu Falaschi. Provavelmente o personagem mais polêmico do Heavy Metal nos últimos anos, sempre com suas declarações ácidas e, na grande maioria das vezes, desnecessárias.

Pelo menos em uma coisa, Edu agiu corretamente: não responsabilizou o público pela incompetência da produtora. O Almah já estava em São Luís do Maranhão quando todo o problema estourou, subiu ao palco e fez o seu show. A banda, aparente e curiosamente, não teve os contratempos de cachê e logística que quase todos outros nomes nacionais, com exceção ao Shaman, tiveram.

Mas daí, ao final do primeiro dia do "festival", Edu não se conteve e soltou mais uma de suas pérolas (para não dar outro nome) no Twitter:

"OBRIGADO GALERA Q FOI AO SHOW! O MOA, MESMO COM PROBLEMAS, ESTÁ DE PARABÉNS! VALEU NEGRI E LAMPARINA PROD. TAMU JUNTO! É UM COMEÇO! \\\\m/"

Eu já disse uma vez e repito que esse rapaz precisa de um assessor de imprensa urgente! Com tantas notícias negativas sobre o evento pipocando pela imprensa (e já estou falando dos grandes portais), manifestações de bandas nacionais e internacionais sobre o amadorismo da produção e milhares de pessoas, fãs de Heavy Metal, indignados com os cancelamentos e estrutura do lugar que inclui tomar banho em bebedouro de cavalos e dormir em estábulos, o cara vai e solta uma nota dessas fingindo que nada acontecia de errado e os tais realizadores estavam de parabéns.

Francamente, amigo, é muita hipocrisia e cara de pau para uma pessoa só! É assim que se prega a união da cena nacional? Defendendo os interesses dos produtores e não das bandas, seus colegas de profissão? No mínimo, fique quieto e agradeça única e exclusivamente aos fãs que, mesmo com o show de horror em São Luís, ainda arranjaram condições de curtir a apresentação.

O que Falaschi e Thiago acham que vão conseguir com uma postura dessas? Não precisa ser muito inteligente para deduzir que será apenas a antipatia dos fãs e bandas de novo!

Na hora em que os dois precisam mesmo se posicionar, os caras vão para o lado negro da força. Porque não bastava ter acusado os fãs - os SEUS próprios fãs que deram um lugar ao sol - de "chupa rola de gringos" há poucos meses.

Vamos lembrar os nomes que cancelaram sua participação no Metal Open Air para que fique bem registrado: Saxon, Venom, Rock 'n' Roll All Stars, Shadowside, Headhunter D.C, Stress, Terra Prima, Obskure, Unearthly, Expose Your Hate, Attomica, Andre Matos e Ratos de Porão. Isso até o momento! Não duvido que mais gente cancele.

Parabéns, Edu Falaschi e Thiago Bianchi! Agora vocês definitivamente estão marcados na história da música pesada como queriam. Mas como os maiores hipócritas do Heavy Metal nacional e o Metal Open Air, a irresponsabilidade do ano, realmente teve a cara de vocês!

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