quarta-feira, 14 de março de 2012

Com projeto paralelo, Pitty volta à rotina de "ilustre desconhecida" em megafestival no Texas



A barca brasileira desembarca forte no South by Southwest 2012, o principal festival de música nova do mundo que acontece esta semana em Austin, no Texas. Só nesta quarta-feira (14), no Maggie Mae's, um dos 92 locais de shows no festival neste ano, seis representantes do chamado "Sound of Brazil" se apresentam na casa.

Pela ordem são os cantores Renato Godá, Tiago Iorc e Tita Lima. Depois vem a banda Agridoce, projeto paralelo da cantora Pitty, um show de Tiê e fechando a noite a apresentação da banda indie paulistana Some Community (leia mais abaixo). Entre outros brasileiros no festival estão a banda curitibana Rosie and Me, e MC Zuzuka Poderosa, cantora que nasceu no Espírito Santo, é descendente de indonésios e canta funk carioca.

"Tem duas grandes vantagens, para mim, em tocar no South by Southwest", diz a cantora Pitty, que chega ao SXSW 2012 para aflorar seu lado mais folk, menos punk juvenil. "Além de poder ver um monte de banda que eu gosto e conhecer muitas outras, lá vai ser como seu estivesse começando".

Pitty leva ao Texas seu duo de folk rock formado com o guitarrista Martin, que toca na sua banda principal. No Agridoce, Martin também canta. "O bom é que tem essa coisa de, para os gringos que forem ao show, eu não ser nada conhecida. Porque daí vou poder botar à prova meu som, que é novo, sem ninguém fazer comparação com meus outros trabalhos. O SXSW vai ser uma página em branco para mim", ela diz.

Mesmo conhecida no Brasil, Pitty fez como a maioria de bandas novas que querem tocar no South by Southwest. Se inscreveu pela internet e esperou pelo chamado do festival. O evento é um investimento para novas bandas. O festival abre o espaço para os artistas se apresentarem. Mas todos os custos de viagem, hospedagem e alimentação, no geral, são bancados pelos grupos.

É uma loteria também. Se um trabalho de auto-divulgação não for bem preparado, corre-se o risco de tocar para ninguém. Ou para "ninguém que interessa", como olheiro de novos talentos, executivos de gravadoras, produtores de outros festivais ou jornalistas.


"Você tem que saber que você é mais um entre milhares de outras coisas que acontecem num festival desses. Tem que se empenhar mas também contar com a sorte" - Marina Gasolina sobre tocar no SXSW


Marina Gasolina cantou no South by Southwest em 2007, quando ainda integrava o grupo curitibano Bonde do Rolê. Ela, que hoje canta e toca guitarra na banda Man Purse, reitera que tocar no South by Southwest pode ser uma boa visibilidade para sua banda. "Mas você tem que saber que você é mais um entre milhares de outras coisas que acontecem num festival desses. Tem que se empenhar mas também contar com a sorte", acredita Marina.

"Com o Bonde, a gente teve essa sorte. Tínhamos uma gravadora por trás [a Mad Decent, do produtor e DJ americano Diplo], e, além da programação oficial do festival, a gente tocou nas festas certas. Numa dessas festas, bancada pela revista 'Fader', a gente destruiu. Eles adoraram nossa apresentação, fomos parar na capa da revista e tivemos uma música nossa, a 'Solta o Frango', convidada para integrar a trilha do game Fifa Soccer 2008", lembra.

A cantora e baterista Nana Rizzini, companheira de Marina no Man Purse, é um exemplo de como o South by Southwest pode não ser uma experiência rentável, no sentido dos contatos importantes para a carreira e no sentido do bolso.

"Toquei lá no ano passado. Não tinha dinheiro para levar minha banda e acabei indo sozinha, porque queria viver a experiência do SXSW. Mas acabaram me colocando numa noite junto a artistas peruanos e da Colômbia, com aquele som de percussão, meio world music. Meu som não tem nada de latino. Me senti superesquisita naquela escalação", recorda Nana. "Só valeu porque aproveitei a viagem ao Texas e marquei mais três shows em Nova York".

Como funciona o SXSW

Imagine seis ou sete ruas Augustas, em São Paulo, lotadas de gente dentro e fora dos bares e clubes. Bote uma igreja, seis ou sete lojas bacanas com espaço para shows, alguns terrenos e praças, pequenos parques e restaurantes com estrutura para som ou instalada em seus estacionamentos. Agora coloque para circular cerca de 2.000 bandas, artistas e DJs, tocando o dia todo e por seis dias seguidos, espalhados em mais de cem palcos, dentro da programação oficial, à noite, e também nas muitas festas paralelas que ocorrem durante o dia.

Essa loucura sonora é Austin na época do gigantesco South by Southwest. O "música nova" que dá fama ao SXSW significa tanto show de bandas desconhecidas da Noruega em começo de carreira quanto um veterano da estirpe do guitarrista norte-americano Bruce Springsteen lançando seu bombástico novo álbum. Austin faz o Texas todo balançar com novidades não só por música.

Desde sexta-feira da semana passada, acontece também o SXSW Interactive e o SXSW Film, respectivamente as porções de tecnologia de ponta e cinematográficas do grandioso evento norte-americano, sempre voltadas ao novo e entrelaçado de painéis de conferências discutindo os novos caminhos para tudo isso.

O festival começou em 1987 como evento pequeno de música dentro de um centro de convenções. Esperavam-se 150 pessoas e acabaram aparecendo quase mil. Hoje, nesta edição especial de 25 anos do SXSW, cogita-se que mais de 23 mil pessoas, entre artistas que tocarão, jornalistas, produtores de shows e festivais, representantes de selos e gravadoras e curiosos em geral estão inscritos no evento-vitrine texano.

O que foi, o que é ou o que será em música, tecnologia e cinema ou nasceu aqui no South by Southwest ou teve que passar pelo festival para ganhar credibilidade.



QUEM É SOME COMMUNITY?

Banda da cena independente paulistana já "rodada" --mesmo que isso indique apenas pouco mais de dois anos de existência e, veja bem, só dois míseros EPs lançados-- o Some Community pode ser quase chamado de "banda de meninas", mesmo que em shows você veja agora dois garotos cuidando da "cozinha" (na bateria, Marco Grugiuele entrou no fim de 2010; no baixo, Bernard Simon se juntou ao grupo faz alguns meses).

Quinteto liderado pelas irmãs Vacaro (Juliana e Veronica, vocal e teclado), e ainda com a guitarrista Gabriela Gonzalez na ala feminina, o Some Community vai do rock experimental ao indie dance sem que isso soe estranho. Esta é a segunda vez que a banda de São Paulo busca o eldorado indie no Texas. Tocaram no SXSW no ano passado, fizeram alguns shows em outras cidades dos EUA e também se apresentaram no Canadá.

Fonte: Uol Música

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