Steven Rosen, do Ultimate-Guitar.com, entrevistou o guitarrista Mark Morton do LAMB OF GOD. Seguem alguns trechos da conversa.
Ultimate-Guitar.com: Vocês fizeram com o METALLICA a "World Magnetic Tour".
Mark: Fizemos vários trechos da turnê, por parte do ciclo da turnê "Wrath". É engraçado fazer essas entrevistas porque eu sou lembrado de tudo. Você volta à sua vida normal e tudo meio que vai sumindo no meio da trama de sua vida. Mas sim, pensando nisso agora, "Uau, estivemos na Índia e estivemos em turnê com o METALLICA três vezes". É bem incrível. Sim, fizemos turnê na América do Norte, Europa e Austrália com o METALLICA. Eles foram anfitriões extremamente amáveis e aprendemos muito com aqueles caras. Foi emocionante conhece-los em um nível pessoal e perceber que eles são caras realmente comprometidos, de pés no chão que são muito sérios a respeito de sua música e muito gratos por sua posição na indústria da música. Eles levam a coisa a sério mas eles se divertem muito também. Acho que a perspectiva e a visão da coisa toda é uma das coisas que eu levei comigo como um dos elementos mais inspiradores do que tirei dessa experiência.
Ultimate-Guitar.com: Musicalmente, o METALLICA abriu os seus olhos de alguma forma?
Mark: Bem, o lance é que eu sou fã do METALLICA desde que ouvi pela primeira vez o "Ride The Lightning". Acho que tenho me inspirado neles em num nível musical por décadas. Eles se inclinaram a empreendimentos mais comerciais no curso da carreira deles e eu não necessariamente os segui ao longo disso tudo, simplesmente por causa do ‘timing’ e onde eu estava com meus próprios gostos, musicalmente. E está ok, mas eu tenho um enorme respeito por eles, por terem feito aquilo. Acho que foi um grande risco e eles tiraram de letra como ninguém e há muito a ser dito por isso. Mas eu tenho um enorme respeito e admiração pela coragem deles em fazer aquilo e por terem executado aquilo tão bem. Mas onde quero chegar dizendo isso é que vê-los tocar, ver o set deles – e eu os vi muito – não foi tudo tão novo para mim em termos da forma como eles constroem as músicas ou aquele riff, "Uau, esse riff me inspirou". Eu já conhecia essas coisas.
Ultimate-Guitar.com: Contou mais a forma deles agirem do que a música?
Mark: Acho que o que me inspirou foi o fato de que esses caras mudam o set list deles toda noite. Eles praticam e ensaiam de 45 minutos a uma hora com a banda junta antes de irem pro palco. Eu não quero dizer que nós pegamos nossas guitarras e nos aquecemos por 10 a 15 minutos. Eles tem o luxo de ter sua própria sala de ensaio mas eles se preparam e tocam juntos por mais que 45 minutos antes de irem pro palco. Você passa pelo corredor e os escuta aprendendo uma das músicas deles que talvez não tenham tocado por alguns meses. Eles a ensaiam e a recapitulam porque eles vão tocar a música naquela noite eles talvez não a tenham tocado há um mês – ou um ano. Acho que eles se mantém interessados e eles com certeza mantém os fãs deles interessados fazendo coisas assim. Esse é o tipo de coisa que me inspirou e foi o tipo de coisa que me fez olhar e ver como poderíamos melhorar.
Ultimate-Guitar.com: Por que você acha que o METALLICA teve tanto sucesso?
Mark: Acho que é fácil compreender que até o "Justice" porque eles foram uma das bandas de thrash metal mais acessíveis e mais bem construídas, na minha opinião. O thrash de Bay Area. E eles foram o tipo mais polido e simplesmente uma grande banda de thrash metal — uma das melhores. Acho que quando saiu o disco "Preto", que foi o primeiro disco que meio que me perdeu como fã mas isso porque eu fora fã ao longo de todas outras coisas (que eles tinham feito), acho que o ‘Black album’ foi o elo perfeito com todo aquele hair metal – odeio esse termo – decadente dos anos 80.
Ultimate-Guitar.com: Você acha que essa foi a transição?
Mark: Toda essa música purpurinada dos anos 80, que não era metal, era pop mas eles tinham cabelo comprido e chamavam a música de metal. Mas o 'Black album' teve a produção do Bob Rock e aquela estrutura de música mais macia, mas mesmo assim super pesada, e eu ainda acho que um dos discos de metal com a melhor sonoridade que já foi feito. Mesmo apesar das músicas, como eu disse, terem me alienado um pouco na época. Mas eu acho que foi a ponte perfeita entre toda aquela coisa pop super purpurinada e um intermediário ao verdadeiro thrash metal. Ele simplesmente foi polido o bastante a ponto de ser aceitável e maquinado, nos aspecto da sua composição, de forma sábia o bastante de modo que fosse acessível e atraente e que prendesse mas mesmo assim fosse pesado. E, para mim, foi quase que um paralelo com – e essa é uma comparação esquisita – a forma que o NIRVANA pegou o punk rock e o tornou acessível.
Ultimate-Guitar.com: Isso faz muito sentido.
Mark: Eles foram o oposto – era pop music mas suja o suficiente e encardida e feia o bastante e tinha raízes punk, que era atraente (para os punks). Eles foram tipo sucessos paralelos mesmo apesar das bandas não soarem nem um pouco parecido. Mas eles eram a ponte perfeita entre o pop e esse verdadeiro cenário visceral, esse verdadeiro cenário underground. E o METALLICA e o NIRVANA foram dois exemplos de bandas que foram capazes de fazer uma ponte e ainda assim manter sua identidade. Acho que isso aliado a muito marketing bem feito é a razão, pelo menos para mim, pelo sucesso no papel. Mas também há também um elemento mágico que você não pode construir.
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