domingo, 12 de fevereiro de 2012

Linkin Park: Japan Cinema entrevista Mike Shinoda

Marcello, do Japan Cinema, teve o prazer de entrevistar Mike para falar sobre The Raid. Leia a entrevista abaixo onde ele fala sobre o filme e também compara como é ‘escrever’ para uma trilha e como é escrever uma música. Ele também fala sobre seus filmes asiáticos favoritos, suas inspirações e sobre se ele continuará trabalhando em trilhas no futuro. Observem também que, no final da entrevista, Marcello colocou: "Um novo álbum do Linkin Park  está sendo preparado para ser lançado no Verão de 2012".

Mike Shinoda é um músico mais conhecido como rapper, principal compositor, tecladista, vocalista e guitarrista da banda de rock Linkin Park. Shinoda também é um rapper individual no seu projeto paralelo, Fort Minor. O que você talvez não saiba sobre ele é que ele está fazendo a trilha sonora de um dos melhores filmes de ação que estão saindo na Ásia neste momento, The Raid (que até atingiu o 1º lugar na nossa lista dos melhores filmes de 2011)! A trilha foi dirigida pelo vocalista do Linkin Park, Mike Shinoda, e pelo compositor Joseph Trapanese, que se juntou à Daft Punk para terminar a música para “Tron: Legacy” (Tron: O Legado) ano passado, Shinoda pertence a terceira geração de japoneses-americanos, com um amor pelas artes e pela música. Era inevitável que algum dia ele combinasse o amor pelas duas coisas e criasse uma original e majestosa trilha sonora para um filme. Eu tive a chance de sentar e discutir sobre o processo de criação da trilha e sobre quais são os filmes asiáticos favoritos dele! Leia abaixo a entrevista completa…

A sua resolução de ‘menos é mais’, de manter o foco nas coisas que você gosta mais, se aplicou no processo de criação da trilha de ‘The Raid’? No cenário e no processo, em termos de faixas para cenas específicas, qual foi a ‘galinha’ e quais foram os ‘ovos’?

Mike: No começo de um projeto como esse, eu tento começar com algumas ideias que podem funcionar, ou não. Pense nisso como uma tela de um pintor: você escolhe quais as tintas usar e quais tintas evitar. Isso dá um tom à peça. Neste caso, eu acho que alguns dos sons de destaque – as batidas de break, os sintetizdores pesados e uns samples – foram as primeiras decisões que nos ajudaram a definir a direção da trilha. E eu decidi evitar guitarras, porque eu achava que o som fazia as coisas parecerem brutais, se é que isso faz sentido. Os sons eletrônicos distorcidos configuraram a estética certa.

The Raid é um bom exemplo de minimalismo, já que tem uma narrativa simples e direta. Foi isso o que de início te atraiu para o projeto, já que existe essa certa abordagem minimalista?

Mike: Eu gosto da história. Não se trata de uma narrativa profunda, trata-se de manter as coisas acontecendo para que a ação faça sentido, você sente que as coisas têm uma motivação. Quando o pessoal da Sony chegou na primeira vez para falar comigo sobre isso, ao invés de dizer “Nós queremos uma trilha do Linkin Park”, eles citaram outras coisas – meus remixes, meu projeto no Fort Minor – e na verdade esses sons foram todos bem legais de fazer – os remixes foram coisas que eu fiz no meu tempo livre. Foram fáceis e divertidos de fazer. Então eu pensei, “se esse é o tipo de coisa que eles querem, talvez o projeto será fácil e divertido”.

Este foi o primeiro filme para o qual você fez a trilha completa. Você está feliz com o resultado?

Mike: Foi tão divertido quanto eu esperava. Era um projeto novo e o diretor (Gareth Evans) me deu muito espaço criativo. Eu sou grato por isso. Isso abriu espaço para Joe (Trapanese) e eu tomarmos várias decisões ousadas, como o material de apoio de uma das cenas iniciais da equipe da SWAT e o teclado recorrente de “RAZORS.OUT.” que é a música no final.

Em que o processo criativo neste filme se diferenciou do processo de criação dos seus álbuns de estúdio? Às vezes uma trilha precisa ser um fundo para as cenas que estão no filme. Como você conseguiu fazer isso?

Mike: Em uma música, você está expressando suas emoções e contando sua própria história. Você está fazendo algo que é o foco central daquela experiência. Uma trilha é mais como o suporte da história de outra pessoa e muitas vezes é sobre como fazer o papel de suporte. Eu, naturalmente, tenho tendência a fazer as coisas que chamam a atenção no Linkin Park, então eu tive que trocar os equipamentos para fazer a trilha.

Muitos compositores começam colocando a música antes do filme estar terminado. Quão desafiador foi refazer uma trilha para um filme que já estava terminado?

Mike: Na verdade isso não foi desafiador – isso provavelmente tornou as coisas mais fáceis. Joe e eu sabíamos que podíamos escrever para o que estava acontecendo, já que o diretor não iria mudar a cena.

Muitas partes da trilha me lembraram um pouco ‘Session’, que aparece no ‘Meteora’. Você puxou algum dos sons ou das técnicas que aparecem nas suas produções do Linkin Park ou do Fort Minor para criar os mais de 50 minutos da trilha?

Mike: Eu normalmente não configuro algo que eu já tenha feito como referência para um novo projeto, se isso soa como algo que eu já fiz, é provavelmente porque a mesma pessoa está por trás disso.

Normalmente, filmes de ação como Die Hard (Duro de Matar), XXX (Triplo X) ou Rambo, não são particularmente conhecidos pelas suas trilhas sonoras. Você tem alguma dúvida sobre ter feito sua primeira trilha para um filme de ação?

Mike: Excelente observação. Eu tive algumas dúvidas sobre isso. Mas eu acho que o filme estava pedindo por uma trilha que eu podia fazer bem naturalmente, então eu não precisaria gastar muito tempo tentando descobrir qual o som certo, pelo contrário eu poderia apenas fazer o que eu sei e assim aprender como fazer o trabalho fluir melhor.

Quais são alguns de seus filmes asiáticos favoritos?

Mike: Eu acho que se você quer que eu cite algum do passado, eu diria “Ran” (Os Senhores da Guerra) ou “Seven Samurai” (Os Sete Samurais). Mas se você considera isso “asiático”, eu também diria que amo o “Karate Kid” (Karatê Kid) original, (risos)!

O que há nos compositores ícones, como Hans Zimmer e John Williams, que te inspira tanto?

Mike: Eu só gosto do que eu gosto. Eu acho que gosto da ousadia e dos muitos temas diferentes que se tornaram tão icônicos. Eu percebo, é claro, que existem grandes equipes ajudando a criar aquele trabalho e eu também consigo apreciar a grande quantidade de mão-de-obra que existe em algumas das músicas que eles fazem juntos.

Por último, podemos esperar para ver mais trilhas suas no futuro? Isso é algo que você gostaria de fazer ao longo dos anos, considerando que os projetos certos apareçam?

Mike: Com certeza. Eu simplesmente gosto de fazer isso e tenho a intenção de entrar com cuidado em cada projeto. The Raid pediu certos tipos de sons e eu me senti capaz de tirá-los de uma variedade de diferentes estilos, muito mais do que caberia neste filme. Com The Raid no meu ‘currículo’, me sinto preparado para fazer a trilha de algo diferente na próxima vez – eu ficaria muito contente em fazer trilha para algo mais épico e emocionalmente complexo no meu próximo projeto.

The Raid estará nos cinemas na Primavera de 2012. Um novo álbum do Linkin Park está sendo preparado para ser lançado no Verão de 2012.

Mike pode ser encontrado no:
http://www.mikeshinoda.com
http://www.twitter.com/m_shinoda

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