terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Phil Anselmo: há vinte anos eu ouço que o Metal está morto

DOWN, a aclamada banda de Nova Orleans que conta com a presença do guitarrista/vocalista do CORROSION OF CONFORMITY Pepper Keenan, baterista Jimmy Bower (EYEHATEGOD, guitarrista no SUPERJOINT RITUAL), baixista Patrick Bruders (CROWBAR), guitarrista Kirk Windstein (CROWBAR), e o vocalista Philip Anselmo (SUPERJOINT RITUAL, PANTERA) — entrou para o estúdio em outubro para começar a gravar o primeiro de uma série de quatro EPs, que serão lançados nos próximos anos (com um ano entre os EPs), cada um tocando em um diferente aspecto do som da banda.

O primeiro EP de seis músicas, que apresenta o DOWN de volta a suas raízes, com influências do BLACK SABBATH, SAINT VITUS e WITCHFINDER GENERAL, é escrito por Anselmo como "um disco de doom metal bem puro"

O track list do trabalho é o seguinte (não está em ordem):

01. Levitation
02. Witchtripper
03. The Misfortune Teller
04. The Curse Is A Lie
05. Open Coffins
06. This Work Is Timeless

Os membros do DOWN foram entrevistado para uma matéria de capa na última edição da revista britânica Metal Hammer. Seguem alguns trechos da conversa.

Sobre o plano do DOWN de gravar uma série de quatro EPs ao longo dos próximos anos:

Pepper Keenan: "Eu conversei como Jerry Cantrell «guitarrista do ALICE IN CHAINS», e vi um pouco de inveja em seus olhos. As bandas sabem que é uma boa idéia com a indústria do jeito que está atualmente. Mas foi mais o tipo de coisa para nos permitir ter mais liberdade e não ficarmos presos a um único disco. Se quisermos fazer uma coisa mais melosa, é sempre como se a música nove tivesse de ser a música melosa, essa bobagem toda. Foi simplesmente uma idéia em que eu e o Phil trabalhamos. E eu sendo o cara da arte, achei que ia ser algo incrível ter uma série de imagens interligadas."

Philip Anselmo: "Para mim, um EP é menos estressante para nós. Nós temos um relacionamento incrível no DOWN, mas quando nos trancamos por um mês, dois ou três, tirando de 12 a 15 músicas, é muito pesado. Exige muito emocionalmente. Assim, primeiro, é mais fácil para nós, e segundo, dá música às pessoas mais rapidamente. Sabe, há cinco anos prometemos às pessoas, 'não vamos levar cinco anos para deixar pronto!' (rindo) Ceeeeeeeeerto."

Sobre o primeiro dos quatro EPs:

Kirk Windstein: "Esse é tipo um disco de som pesado para o DOWN. Essas seis faixas não estão carregadas com muita dinâmica como em alguns de nossos outros materiais."

Sobre a nova música "Witchtripper":

Pepper Keenan: "Estávamos na Espanha, nessa pequena vila, e notamos que todas as casas tinham três pedras no canto do telhado. E por onde olhasse, havia imagens de bruxas nas janelas das pessoas. Obviamente, sendo o Phil e eu como somos, começamos a imaginar o que seriam essas três pedras. Concluímos que provavelmente seriam armadilhas para bruxas – tem as bruxas no telhado, e as armadilhas as pegam quando estão descendo. Tivemos de ter a música correta para combinar com a palavra. Quando consegui o riff, sabia que seria a 'Witchtripper'."

Sobre os temas líricos abordados no primeiro EP:

Philip Anselmo: "Interessante. Antes de falar qualquer coisa, digo isso. Agora – e no passado – eu componho para basicamente dar um esboço e deixar o ouvinte tirar por si próprio como ele quer aplicar suas próprias regras e regulamentações à faixa. Para mim, eu tenho como uma das maiores verdades da vida que dois homens, duas culturas ou duas crenças não são iguais. Por muitas vezes nas letras eu falo sobre as diferenças nas relações da humanidade . . . acho que é mais fácil dizer do que fazer, como na história, mas atualmente, ao invés de ficar praguejando, eu prefiro... digamos que eu prefiro ter amigos do que inimigos, a qualquer momento. É fácil fazer um inimigo é fácil ser negativo. É muito fácil cair nessa, mas é muito difícil ter amor. Todo o que você tem de fazer é abrir um jornal e você pode ver por si, cara. Bem aqui na minha própria cidade, pessoas são mortas todos os dias. Eu, como pessoa, jamais conseguiria dormir à noite se tivesse feito uma coisa dessas. Eu fico imaginando: que diabos essas pessoas estão pensando? Há essa idolatria ao bandido que levou um monte de jovens promissores por um caminho terrível, e às vezes irreversível. Você tira a vida de alguém, como um adulto, e você tem 16 anos e está fudido. Acho que quando fui compor esse disco, estava com a cabeça nisso."

Sobre o processo de gravação:

Kirk Windstein: "Para ser sincero, tem vezes que há muita tensão no recinto. Acho que é porque todo mundo é palpiteiro, como diria o Pepper. Todos tem uma personalidade forte. Ao mesmo tempo, você volta algumas horas depois e todos estão sorrindo de um canto a outro e tocando. Você tem de passar pelo inferno para chegar ao paraíso."

Sobre gravar o novo EP "sóbrio":

Philip Anselmo: "Para mim, é muito mais divertido gravar sóbrio. Desse jeito você pode prestar atenção em tudo. Você pode ouvir os esforços individuais de todos, pode ouvir coletivamente. Se eu estou fora de mim, eu não estou escutando «cai na risada»... Escuta, de verdade, eu estava extremamente sóbrio nesse. Não me leve a mal, a gente toma nossa cerveja e tal. Mas as cervejas não vinham até que o trabalho estivesse concluído, se é que você me entende. Após um bom dia de trabalho, tomar uns goles, beber uma gelada, dar uma relaxada... Não é uma experiência nova «gravar sóbrio». No PANTERA, por mais que bebêssemos, sempre havia aqueles momentos em que era tipo, 'OK, vamos deixar a bebida de fora até que a gente termine o trabalho por hoje.' Especialmente no início, era de lei. É uma boa regra a se aplicar de volta."

Sobre estar estabelecido em Nova Orleans:

Philip Anselmo: "Não há lugar igual, não nos E.U.A. Há uma camaradagem entre os músicos locais que ultrapassam muitas fronteiras: há músicos de jazz, há os músicos de heavy metal, há todos os gêneros que caem entre esses dois. E todos nós nos encontramos o tempo todo, ajudamos uns aos outros, tocamos uns com os outros. É o encanto da cidade, cara."

Pepper Keenan: "Nova Orleans é um lugar maravilhoso. É barato, o clima é ótimo, você não dá um tiro para o alto sem acertar um músico, os bares ficam abertos 24 horas por dia. Simplesmente é um bom lugar para se viver. Se apenas conseguíssemos fazer com que esses filhos da puta parassem de se matar. Bundões se atirando por causa de um dólar, é o que atrapalha o crescimento da cidade."

Sobre a situação do heavy metal nesse momento:

Philip Anselmo: "Temos ouvido que o metal está morrendo por uns 20 anos. Quando eu estava no PANTERA, é claro, o heavy metal estava morto. (Imitando a voz de um 'mago das gravadoras') 'Não sei se você vai conseguir vender muitos ingressos nessa turnê – tem esse novo tipo de música chamado nu metal que vai dominar o mundo.' Há! Veja o que aconteceu. O heavy metal nunca morre, cara. Nunca, nunca, nunca. E é possível que esteja ainda mais forte do que há alguns anos. Só depende do que você está buscando. Se eu começasse a citar nome de bandas agora, alguém ia ficar ressentido, então não vou fazer isso. E algumas bandas surgiram bem genéricas. Mas a esta altura na minha vida eu prefiro uma porcaria gravada em baixa definição de uma grande banda ao invés de um produto ultra-produzido que vende um milhão."

Sobre a saída do baixista do DOWN Rex Brown:

Kirk Windstein: "Realmente a coisa tem dois lados. Um lado foi que a coisa realmente meio que seguiu seu curso. O outro lado é meio que pessoal. Vou responder o que você quiser me perguntar, mas certas coisas são pessoais. Mas eu conversei com o Rex por 45 minutos no fim da semana passada e ele estava com uma voz ótima. Ele está muito animado, mixando o KILL DEVIL HILL. Ele ainda é um grande, grande amigo."

Philip Anselmo: "O Rex é um irmão para mim, e nós fizemos uma espécie de pacto de que não pisaríamos um no outro nas entrevistas. Então eu vou ficar com a verdade: que ele teve idéias diferentes de como uma banda deveria ser. Eu fico enciumado, porque o Vinny Appice «colega de banda do Rex no KILL DEVIL HILL» é um grande cara é um baterista fora de série. Duro que nem pedra. Acho que é onde o Rex quer estar, e é o tipo de música que ele quer tocar, e temos de respeitar isso. Quanto a sair revelando coisas ou algo escondido... é algo em que eu não vou me meter."

Sobre se ele vai ler a autobiografia de Rex Brown que está para sair:

Philip Anselmo: "Bem, essa é uma pergunta difícil. Ele era quase que o membro silencioso do PANTERA, de diversas maneiras. Vamos ter de ver no que vai dar e quando acontecer. Acredite-me, eu não li nenhuma página dela. Ele não compartilhou muito comigo."

Sobre quando foi a última vez que ele falou com seu antigo colega de banda no PANTERA Vinnie Paul Abbott:

Philip Anselmo: "Provavelmente em 2001."

Sobre se ele acha que haverá uma reconciliação entre ele e o Vinnie Paul:

Philip Anselmo: "Eu não sei. Dentro do meu coração, a porta está aberta. Já disse isso um milhão de vezes. E digo mais: a quem interessar, os ressentimentos que o Vinnie Paul fica nutrindo e mantém tão vívidos... para mim isso indica que na realidade ele me ama. Essas coisas não o afetariam tanto se ele não tivesse esse amor tão forte. Poderia pedir mil vezes por dia que nos reconciliássemos, mas até que isso aconteça, até que ele decida bater na porta... Na verdade, a porta está aberta, até que ele decida passar por ela ou mesmo olhar para dentro... então... vamos partir daí, sabe."

Para adquirir uma cópia da última edição da revista Metal Hammer acesse o link a seguir:
http://www.metalhammer.co.uk/magazine/

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