domingo, 29 de janeiro de 2012

Aleister Crowley: mago, escritor e guru do rock

Aleister Crowley (1875 -1947), mago e escritor ocultista inglês, foi um poeta da liberdade irrestrita e da vontade como máxima soberana, além de defensor do uso de sexo e drogas  para fins mágicos. Ele foi partidário de um individualismo extremista, apregoando a autonomia individual na busca de liberdade e satisfação das inclinações naturais, em detrimento da hegemonia da coletividade massificada e despersonalizada. Sua magia condena todas as formas de poder e autoridade que restrinjam a soberania e a liberdade absoluta do indivíduo.

Nos anos 1960 e 1970, a sua doutrina do Novo Aeon, indo ao encontro da necessidade de contestação da juventude, ganhou força nos movimentos contraculturais que anunciavam a era astrológica de Aquário, que os jovens tentavam materializar em comunidades alternativas.

Crowley, por ser uma figura mítica e controversa, também despertou muito interesse entre artistas, tornando-se guru da contracultura e do rock.Exemplar é a capa do álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band (BEATLES, 1967), criação do artista Peter Blake,que reúne imagens de 62 pessoas a quem os Beatles admiravam. Na linha de cima, entre o guru hindu Swami Sri Yukteswar Giri e a atriz americana Mae West, podemos ver Aleister Crowley.

Outros roqueiros também prestaram suas homenagens: Jimmy Page, do Led Zepellin, teria comprado a Boleskine House, refúgio às margens do lago Ness, na Escócia; David Bowie  cita o mago na canção “Quicksand”, do disco The man Who sold the world; Ozzy Osbourne compôs a música “Mr. Crowley”. Recentemente, os alemães do Edguy gravaram “Aleister Crowley Memorial Boogie”, do disco Age of the Joker.

No Brasil, o mais ilustre seguidor do ocultista inglês foi Raul Seixas. Embora o cantor nunca tenha comentado publicamente com clareza e detalhes suas experiências em sociedades iniciáticas, as canções explicitam que ele lançou sua Sociedade Alternativa a partir dos ensinamentos de Crowley. O maluco beleza parece ser o artista que mais faz referências ao mago inglês.

Dentre os mais ilustres discípulos do mago inglês encontramos Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden. Em um dos discos mais importantes da banda, Piece of Mind, a canção “Revelations”, sobre o Apocalipse bíblico, faz referência a Crowley, que se autodenominava o 666. O verso “Just a babe in a Black abyss” (“Apenas um bebê em um abismo negro”) remete à metáfora thelêmica de “bebê do abismo”, um termo para designar aquele que mergulha e atravessa um abismo metafísico e psíquico entre os universos espiritual e material.

Em Powerslave, a música-título conta a estória de um faraó – deus vivo na Terra – que recusa a morte e deseja permanecer no poder. O primeiro verso menciona o “Olho de Hórus” – Hórus, segundo Crowley, é o deus do Novo Aeon, a fórmulamágica dacriança coroada e conquistadoraque transcenderia o decadente Velho Aeon de Osíris, seu pai.

“Moonchild”, do álbum Seventh Son of a Seventh Son, é o título de um dos livros Crowley. Tanto a obra original quanto a canção falam sobre a união de dois magistas (homem e mulher) e o nascimento de um ser supra-humano ou uma supraconsciência.

No último álbum do Iron Maiden, The Final Frontier, a influência de Crowley é marcante. A música “Starblind” se refere ao conflito entre a religião dogmática e repressora do Velho Aeon e o desejo de liberdade do Novo Aeon. No mesmo disco, The Alchemist faz uma referência implícita ao alquimista e clarividente Edward Kelley (1555-1597), de quem Aleister Crowley acreditava ser a reencarnação.

Em sua carreira solo Dickinson faz uma série de referências ao mago. “Man of Sorrows”, de Accident of Birth, fala do próprio Crowley quando menino, profetizando o seu futuro quando iria então anunciar a aurora do Novo Aeon. A letra também cita a Lei de Thelema, fórmula mágica da nova era: “do what thou wilt”, “faze o que tu queres”.

O disco The Chemical Wedding e sua música-título, que tem o mesmo nome do filme sobre Crowley produzido por Dickinson, se refere ao manifesto rosacruz intitulado The Chemical Wedding of Christian Rosenkreutz , que narra o casamento alquímico de um rei e uma rainha, alegoria para a união sexual do masculino com o feminino. E, como se sabe, a magia sexual era uma prática central na doutrina thelêmica.

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