sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Indústria Musical: Foda ou Seja Fodido

Por MICK WALL

Ela tem 29 anos – bem velha, eu achei na época, o que mostra o quão jovem e burro eu era – a esposa de um empresário de rock [muito] famoso. “Você gostaria de voltar para uma bebida?” ela tinha me perguntado.

Nós tínhamos sido apresentados em um show de Rory Gallagher. Rory estava em forma naquela noite, mas como de costume, foi depois que toda a diversão pra valer começou. Aconteceu de a garota velha morar num palacete a alguns poucos quilômetros da bem mais modesta residência onde eu vivia com meus pais. A oferta de uma bebida veio com a promessa de me levar de carro pra casa depois. Mal tendo dinheiro pra uma caneca de chopp eu meu bolso e muito menos pra um táxi, eu agarrei o convite.

Quando chegamos lá, eu notei o felpudo tapete branco e todos os discos de ouro e prata nas paredes. Parecia exatamente o tipo de lugar que você imaginaria que um famoso empresário de rock vivesse.

Ela me serviu um baita copo de brandy, que eu fingi gostar [na adolescência, eu era mais chegado em cidra e Valium]. Daí ela sacou a cocaína, que eu nunca tinha visto e muito menos provado. Tal como com o brandy, eu fingi saber tudo sobre aquilo, enquanto ela me convidava pra um ‘mão dupla’, ou seja, uma carreira cheirada por cada uma das narinas. Eu a observei cheirando e simplesmente a imitei quando chegou minha vez. Meu nariz congelou na hora. Alguns minutos depois, eu notei que eu estava gelado por dentro também; meu cérebro em um iceberg de repente flutuando em alguma grande e inexplorada região do oceano ártico.

Nós nos sentamos e conversamos um pouco, ela falando da banda de rock mundialmente famosa do marido dela, como eles eram legais, bla bla bla, e eu tomando o brandy dela e cheirando a cocaína dela, mandando mais a cada minuto, mas sem saber mais o que fazer, apenas tentando não parecer um bobo. Não tava dando muito certo.

Daí ela me olhou nos olhos e disse, sem sorrir: “Bem, agora, eu vou te levar pra casa pra sua mamãe ou você vai me levar lá pra cima e me comer com vontade?

Eu olhei pra ela, chocado, mas ainda tentando não estar. Ela estava brincando? Não estava. Então eu a levei pra cima e fingi gostar daquilo também. Mas foi um trabalho duro. Eu estava tão bêbado e chapado que eu não conseguia ‘subir’. No fim das contas, ela tirou um vibrador de uma gaveta num criado mudo e me deu. Ali ela poderia ter me dado um revólver e eu não teria ficado surpreso. Eu não sei se ela estava fingindo, mas ela fez muito barulho antes de me deixar parar. Em seguida, ela me tocou pra fora, me disse que o marido dela chegaria em casa a qualquer minuto, e me disse pra correr. Eu desci a estrada a pé e fiquei congelando no frio esperando pelo primeiro ônibus.

Moral da história? A mesma que tem sido nesse ramo desde o começo dos tempos: se você não quer me foder, então você vai se foder.

Até a próxima, gente…

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