Há exatamente 25 anos atrás, nessa noite – ou seja, por volta das 09h30min PM do horário de São Francisco, por volta de 06h30min AM na Suécia – que o baixista do Metallica, CLIFF BURTON foi morto quando o ônibus vagabundo no qual a banda estava viajando patinou para fora da estrada e tomou de lado, arremessando metade do corpo de Cliff por uma janela lateral, e aterrissando em cima dele, seus pés aparecendo para fora da estrutura.
Se Cliff não estivesse morto, ainda que ele certamente estaria após o primeiro guindaste chegar ao local do acidente e içar o ônibus de cima dele por alguns metros, só pro cabo de aço se romper e o ônibus cair de novo em cima dele com força total.
Foi um fim enojante e injusto para uma vida que tinha sido vivida como nós todos sonhamos que as vidas do rock deveriam, mas nunca o são, e agora então, um quarto de século depois, menos do que nunca.
Quando, apenas algumas semanas antes, os quatro membros do Metallica tinham sido notificados por seus empresários que o sucesso de seu terceiro disco, ‘Master of Puppets’ – o primeiro do grupo a chegar ao Top 30 dos EUA – o que significava que eles agora poderiam fazer um pagamento de entrada em casas novas, Cliff sorriu marotamente e disse: “Eu quero uma casa onde eu possa atirar com minha arma que dispara facas!”
Uma coisa tipicamente do Cliff para se dizer, o que ele queria dizer, traduzido a grosso modo, foi: Ótimo, agora que eu tenho dinheiro eu posso ser ainda mais quem eu de fato sou.
Para Cliff Burton, veja bem, como todos os grandes nomes da música, cinema, TV, esporte – qualquer tipo de atividade criativa que por vezes chamamos de arte – não se começava ou mesmo terminava-se com quanto dinheiro você ganhasse, mas com o quão grandioso o que você fez realmente era. Não o quanto os críticos diziam que fosse. Ou mesmo os fãs, honestamente. Mas o quanto a peça estava enraizada lá dentro onde mais conta, na sua própria alma.
Você podia ver isso na superfície, no modo que ele se vestia. A própria banda dele ficava envergonhada com a preferência exagerada dele por jeans de boca-de-sino [isso numa época em que, jovens historiadores, tais calças estavam tão na moda como ombreiras enormes são hoje em dia], sua queda por cardigãs comidos por traças, e seu gosto por ficar chapado o tanto quanto possível o tão freqüente fosse possível.
O mais importante, estava ali na música que emanava de cada fibra de seu ser. Quando ele não estava tocando baixo no palco, Cliff passava seu tempo tocando um violão velho arrebentado, mandando licks do guitarrista do LYNYRD SKYNYRD Ed King [o cara alto e grande, sempre com um cigarro pendurado na boca].
Quando viajava com a banda, no ônibus era sempre Cliff quem comandava o toca-fitas, decidindo o que eles iriam ouvir enquanto corriam os quilômetros daquele dia. Fitas de mixes especiais feitos por Cliff incluem faixas do Skynyrd, Bach, Kate Bush, Peter Gabriel, The Police, Velvet Underground, R.E.M., Stanley Clarke, Simon & Garfunkel, ZZ Top e Motörhead.
Tudo isso e mais acabava no seu modo de tocar baixo e no coletivo musical que Cliff Burton trazia ao Metallica. Você quer saber como foi que o Metallica se tornou tão maior que o Slayer e o Megadeth – está bem ali nas lições musicais que Cliff deu a eles todo dia enquanto estavam juntos. A principal lição: mantenha sua mente aberta, desgraçado.
Você pode querer pensar sobre isso quando pensar no falecimento dele hoje à noite – ou quando você ouvir ao álbum do ‘Loutallica’. Não vai ser metal no tradicional modo ‘cabeça-enfiada-no-próprio-rabo’. Mas vai ser com certeza uma coisa bem Cliff Burton de se fazer.
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