O frontman do CHIMAIRA, Mark Hunter, publicou através do site Metal Sucks, um parecer muito pessoal da indústria fonográfica atual e da carreira de músico de rock como um todo. O que segue abaixo são trechos retirados do post original, traduzidos para o português.
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O futuro dos produtos físicos: Comparando as vendas dos dois últimos lançamentos do Chimaira, Hunter revelou que ‘Infection’ teve 11% de suas vendas feitas através de downloads pagos. ‘Age of Hell’ na primeira semana teve 40%. Verdade. Ele continua: “Eu adoraria se ainda estivéssemos no tempo em que se compravam CDs, mas nós não estamos. E esse tempo nunca vai voltar, então… faça outra coisa. Ou pule fora… eu não questiono se deveríamos ou não lançar um produto físico. Ainda há uma demanda por ele. Só não é tão grande como era.” Ele também discutiu os custos para se colocar produtos físicos em lojas como a Best Buy, o que segundo ele, é muito alto.
Sobre as gravadoras: “uma gravadora é meio que como um benefício do governo. É ótimo e ajuda, mas muitas de suas liberdades pessoais são revogadas… as vantagens de uma gravadora – uma boa equipe que é feita de legítimos fãs de música [alguns deles], a capacidade de colocar sua música nas lojas, crédito, promoção.”
Sobre a realidade financeira de um contrato com uma gravadora: “Simples matemática de um contrato. 50 mil de adiantamento, 35 mil para o estúdio, 15 para a banda comer. O selo gasta mais 50 mil em divulgação… você já deve 100 mil pra gravadora [hipoteticamente] – quantos discos o artista precisa vender pra pagar o selo? Cerca de 100 mil. Porcentagem de bandas que vendem mais de 100 mil cópias hoje em dia? Pffff… vamos dizer que você venda 30 mil discos desse acordo de 100 mil. A banda não vai lucrar nada. A gravadora vai lucrar cerca de 250 mil ou mais… então eles dobram o dinheiro deles, enquanto você está longe de sua família, entes queridos, sua cama, tudo porque você ama os fãs e seu emprego… a maioria das bandas tem sorte se receber 10 mil por um contrato hoje em dia. E é um acordo 360… os artistas podem prensar e vender seus próprios CDs e fazer MUITO mais do que se estivessem numa gravadora. Eles só não terão tanta exposição na mídia.”
Sobre a realidade financeira de uma turnê para uma banda de porte médio: “o empresário liga pro promotor e pergunta se há interesse. Se o promotor disser que sim, eles farão uma oferta… essa oferta é baseada no valor de mercado da banda [no tamanho dela]. Vamos dizer que o promotor ofereça 2 mil, um salário decente pro artista, sem dúvida… 10% vai pro empresário. Eles dedicam muitas horas a isso. Se você viaja de ônibus, o seu custo fixo já é de 1000 ao dia… e daí se você estiver pagando por uma equipe de roadies, vôos, cordas, pilhas, um jogo de luzes, etc. vamos dizer que seu custo seja de 1800. Agora você está com 200 paus… pegue esses 200, pague 10% do empresário, advogado, contador… digamos que você acabe com 100 na mão. Divida isso por 6 membros [se você for do Chimaira...] a maioria das bandas tem sorte se receber $ 200 pra tocar, imagine 2 mil.” Ele também revelou que “na primeira turnê que o Chimaira fez, nós recebíamos 50 dólares por show. Na segunda turnê, nós recebemos 50 dólares por show. Ficamos com mais de 15 mil dólares em dívidas… fiz um empréstimo com um amigo para ajudar a viabilizar as turnês…a primeira vez que fomos até a Europa nós ficamos com mais de 25 mil em dívidas.” Ele também defendeu as sessões especiais/VIP de Meet & Greet, dizendo que elas são ‘muito especiais para os fãs’ e ‘ajudam na renda’.
Ozzfest VS. Mayhem Fest: “E como é que não estamos falando dos dias de glória do Ozzfest??! Pagar 75 mil dólares para estar no ônibus MAIS o custo da turnê!!! ESTUPRO… mas as bandas o faziam porque elas queria desesperadamente se sentirem como seus heróis se sentiram…e elas amam tocar. Mayhem Fest – eles pagam às bandas. Legítimo. ”
Sobre Merchandise: “Sim, merchandise é a maneira pela qual as bandas fazem dinheiro. Porque você acha que quando você visita o site de uma banda há propaganda de merchandise pra todo canto? E quando você compra merchandise de uma banda, você está ajudando a divulgá-la. Você é um outdoor ambulante. Veste essa porra com orgulho!”Ele confessou que costumava se preocupar com vendas de discos porque “eu achava que nosso futuro e nossa carreira dependiam disso,” e que tal conclusão era “um erro.”
Sobre ser uma banda nova hoje em dia: “Se você faz parte de uma banda iniciante, economize dinheiro para pagar por sua própria gravação e depois a dê de graça. Se for boa o suficiente, ela vai decolar. E se só seus amigos gostam, e você nunca estourar, pelo menos você está criando e sendo artístico. Fique com seu emprego cotidiano. Quer que a sua banda entre naquela grande turnê? Vamos torcer pra que seu empresário tenha bala na agulha. Mesmo que você tenha vendido mais que as outras bandas, não importa. As pessoas nos perguntam como ‘conseguimos’. Sorte, sacrifício, dor, e amor pelo que fazemos. Além de conhecer as pessoas certas, e ENGANÁ-LAS. ”
Sobre empresários: “Alguns empresários ficam com parte da renda bruta, outros da líquida. Se um empresário lhe pedir pra ficar com parte do bruto, é melhor que ele esteja lhe rendendo centenas de milhares de $$ “
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