terça-feira, 26 de julho de 2011

Médicos: dizem que mortes de estrelas aos 27 anos é triste coincidência

Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e, agora, Amy Winehouse. A chamada "maldição" que levou à morte ícones do rock e do pop aos 27 anos, cientificamente, não passa de uma triste coincidência, de acordo com especialistas ouvidos pelo G1. Veja quadro informativo aqui.

Segundo especialistas ouvidos pelo G1, não é possível responder com precisão matemática sobre quanto tempo o corpo de uma pessoa resiste a uma rotina de abusos de drogas e álcool. O que é possível afirmar, entretanto, é que quanto mais jovem uma pessoa começa a usá-los, mais cedo terá problemas .

“Possivelmente, [as celebridades que morreram aos 27 anos] usaram quantidades maiores por tempo maiores. Os efeitos variam de acordo com o tempo e a quantidade em que estão relacionados”, afirma Ivan Mario Braun, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

Braun lembra que drogas como cocaína e heroína - associada oficialmente às mortes de pelo menos Joplin e Cobain - têm risco maior de produzir overdose, diferentemente da maconha e do cigarro, por exemplo.

Coquetel mortal

Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que o risco do usuário ter uma overdose aumenta muito quando se associa crack ou cocaína ao álcool. “Cria-se uma terceira molécula muito mais tóxica para o músculo cardíaco e para o cérebro podendo ocasionar uma arritmia cardíaca”, explica.

Foi justamente uma combinação fatal dessa que, em 2007, quase levou Amy Winehouse à morte. Segundo relatos à época, a cantora foi hospitalizada com uma overdose após misturar um coquetel que incluía heroína, escstasy, cocaína, quetamina (um anestésico de uso veterinário) e álcool.

Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, ainda é cedo para se falar sobre as causas da morte de Amy, que só serão determinadas após necrópsia prevista para acontecer ainda nesta semana.

Mas além da lista de drogas citadas acima, Amy também já foi flagrada consumindo crack. De acordo com um estudo coordenado por Laranjeira, por meio Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas, quase um terço dos usuários de crack morre nos primeiros cinco anos de uso da substância.

Ao longo de 12 anos, a pesquisa avaliou 131 pacientes dependentes, que foram internados entre os anos de 1992 e 1994. Vinte e cinco deles morreram antes dos 25 anos. Neste caso, a maior causa da morte não foi overdose, e sim, homicídio já que grande parte dos usuários no Brasil está envolvida também no tráfico. “A mortalidade ocasionada por crack é pior do que a de heroína. A morte de usuários de heroína é de 1% ao ano”, avalia.

Doença como 'liberdade poética'

Para Laranjeira, Amy sofria de uma doença grave e “optou” por não tratá-la. “Efetivamente, ela nunca se expôs a um tratamento e estava se deteriorando mentalmente. Teria de ser internada mesmo involuntariamente, pois não estava mais em condições mentais de decidir.”

O psiquiatra reforça que quando a pessoa usa estes tipos de substância química, entra em um estado mental que não consegue parar, apesar das complicações. “No caso dela, o fato de ser uma celebridade rebelde tumultuou mais sua vida. A doença fazia parte de uma liberdade poética. Morreu de uma doença que nunca tratou.”

Os especialistas ouvidos pelo G1 lembram ainda que geralmente as mulheres sofrem mais os efeitos e ficam dependentes mais rápido das drogas, se comparado aos homens. No entanto o ritmo de vida, como hábitos alimentares, também tem influencia nas consequências.

Doenças crônicas podem acelerar o processo de deterioração do organismo, como aconteceu com Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana, que se suicidou com um tiro na cabeça em 1994, após consumir uma alta dose de heroína. Em entrevistas, o músico costumava dizer que viciou-se "conscientemente" em heroína pois a droga era a única capaz de aliviar as fortes dores no estômago que ele sentia desde criança.

“O uso de drogas vai produzir doenças. Se o usuário já as possui, piora. Há uma intoxicação e sobrecarga no organismo, além dos danos cerebrais. Sempre há sequelas e existe um preço a ser pago”, conclui Laranjeira.

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