Michael Boehlke, que liderou uma banda chamada Planlos ("Sem Objetivo"), disse à Reuters que a opção por ser roqueiro punk afetou cada aspecto da vida das pessoas que a fizeram.
Ser punk no Estado comunista significava o fim de qualquer perspectiva de emprego ou ensino superior. Interrogatórios policiais, prisões e pressão da polícia secreta para tornar-se informante sobre o cenário punk local caracterizavam o cotidiano dos roqueiros.
"A polícia me interrogava todos os dias", disse Boehlke, acrescentando que passar tempo na prisão era uma possibilidade sempre presente para todos.
Depois que ele usou uma camiseta feita em casa ostentando o grito de batalha "quando a justiça vira injustiça, a resistência se torna dever", ele foi ameaçado com três anos de prisão, até que sua namorada concordou em servir de informante. Boehlke disse que ela não revelou à polícia nada de realmente importante sobre o mundo punk.
E, embora a temida polícia secreta Stasi nunca tenha conseguido infiltrar sua banda, a Planlos, dois integrantes de outra banda punk importante da Alemanha Oriental, a Wutanfall ("Ataque de Raiva") acabaram revelando ser informantes do governo.
Para levar essa história a um público maior, Boehlke colecionou 5.000 fotos, horas de material em vídeo 8 mm e as fitas originais de quase a íntegra da música punk alemã oriental, colocando tudo em um arquivo em Pankow, na zona nordeste de Berlim.
"Não quero que algum alemão ocidental venha me dizer como era o cenário punk na Alemanha Oriental", disse Boehlke, que hoje tem cabelos grisalhos curtos e usa terno em lugar do couro preto e das roupas rasgadas de um punk.
"Nós fizemos parte daquele cenário, exploramos sua história e temos algo a dizer sobre ele", falou Boehlke, explicando que a realidade alemã oriental frequentemente é representada com equívocos em várias mídias.
O punk chegou à RDA no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, onde ganhou força em centros urbanos como Berlim e Leipzig, seguindo as tendências da Grã-Bretanha, Estados Unidos e Europa ocidental.
"Todos nós ouvíamos estações de rádio ocidentais em Berlim, e o programa de rádio semanal de John Peel na BBC exerceu um papel grande em minha descoberta da música punk", disse Boehlke à Reuters.
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