terça-feira, 28 de junho de 2011

Foo Fighters: exorcizando demônios em documentário

“Que confusão é essa?” – pergunta um dos Caixas do cinema para o colega ao lado, que responde com certo desprezo: “é um filme do baterista do Nirvana”. Naquele momento tive a ideia do tamanho do desafio de Dave Grohl, agora guitarrista e vocalista do Foo Fighters. “Não deve ser nada fácil livrar-se de ter sido ‘o baterista do Nirvana’”, falo comigo mesmo.

Mal sabia eu que era exatamente essa a questão abordada em “Back and Forth”, documentário do Foo Fighters  (e não do Nirvana) que lotou cinemas das principais capitais brasileiras. Para mim, seria mais um daqueles filmes cheios de excessos e loucuras de uma banda de rock n’ roll, regados por brigas, intrigas e estrelismo. Mas não! Eis que “Back and Forth” fala das aventuras e desventuras de um grande baterista, antes renegado ao segundo plano, e hoje uma das figuras mais cativantes e talentosas do mundo da música.
Durante mais de duas horas de filme, Grohl vai aos poucos exorcizando seus demônios e se libertando de um passado em que Kurt Cobain era uma estrela solitária e muitas vezes superestimada.

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Com hits alucinantes como “All My Life” e “Best Of You”, hoje o Foo Fighters toma vida própria e se coloca como uma das melhores bandas da atualidade. Em “Wasting Light”, seu trabalho mais recente, fica claro que a banda amadureceu e está mais afiada do que nunca.

Quando acaba o documentário, estou convencido de que Dave Grohl não precisa provar mais nada para ninguém. É quando vem a segunda parte da noite: um pocket show da banda em 3D. Nele, somente músicas de “Wasting Light”, com destaque para a vigorosa “White Limo” e a belíssima “I Shoud Have Known”, que nada mais é que um desabafo sincero de tudo o que assombrou Grohl durante todos esses anos: o suicídio de Kurt Cobain, a “ousadia” de formar uma nova banda e todos os obstáculos rumo ao sucesso, agora sim no papel de protagonista.

No final de tudo isso, a certeza de que são pessoas como Dave Grohl que fazem questão de não deixar o rock morrer, passando por cima de tudo e de todos. E por falar nisso, voltando aos Caixas do cinema que falei no começo, eles podem até continuar sem saber quem é realmente Dave Grohl, isso na verdade pouco importa. Até porque naquela noite foi apresentada mais uma prova de que a imortalidade faz parte do caminho de guitarras distorcidas e grooves insanos de bateria.

Vida longa então ao Foo Fighters! E, principalmente, vida longa ao bom, velho e – por que não dizer? – imortal rock n’ roll.

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