Nos últimos 12 meses o Bon Jovi faturou mais que Kanye West, Justin Bieber and Katy Perry – juntos. Como isso aconteceu?
Da próxima vez que você jogar Rock Band não chame Jon Bon Jovi. A esposa e os filhos do cantor de 49 anos recentemente o convenceram a dar uma chance ao popular videogame. Então ele pegou o microfone e encarou a versão de seu clássico "Wanted Dead or Alive," apoiado por sua família nas guitarras e bateria virtuais. Ele nunca conseguiu passar da música.
"Eu não passei – me bombaram", Bon Jovi admite durante o almoço em Manhattan. "Então e levantei do sofá e disse, 'Tá bom, diabos, aperta o play'. Eles foram de novo, eu não passei de novo e disse, 'Todo mundo vai pra cama. Acabou. Desliga essa porcaria'."
Por sorte, para o Bon Jovi, o público em arenas reais pelo mundo são mais gentis. Sua banda homônima levou para casa 125 milhões de dólares nos últimos 12 meses de acordo com estimativas da FORBES, mais do que qualquer outro artista da música além do U2 – e mais do que Justin Bieber, Katy Perry e Kanye West juntos. No último ano a banda fez 74 shows em 15 nações, faturando 203 milhões de dólares em vendas de ingressos e 20 milhões de dólares em mercadorias; o Bon Jovi está na 8ª posição do ranking Celebrity 100 desse ano.
Surpreso? Bon Jovi tem mais ganhos que artistas mais jovens e mais brilhantes graças a uma abundante base de fãs que ouvem as baladas de sua juventude e vêm uma máquina bem azeitada de fazer turnês construída com décadas de experiência.
"Eles estão entre as bandas com maior rendimento bruto todos os anos", diz o veterano produtor de shows Ron Delsener. "O Jon é viciado em trabalho, está constantemente em turnê e constantemente fazendo toneladas de dinheiro." Enquanto Lady Gaga arruma dezenas de dançarinos de cidade em cidade e precisa de 28 caminhões para levar seu equipamento, o Bon Jovi toca tipicamente com seis pessoas. Uma dúzia de caminhões levam sua carga, incluindo um palco circular e 192 telas de vídeo de LED de dupla-face conectadas com um sistema de controle especialmente desenhado, que as permite se unirem para formar uma tela de 13 pés de altura e 40 pés de largura. Em arenas como a Bell Center em Montreal com capacidade para 21.500 pessoas, o palco circular permite que a banda venda 5.500 ingressos a mais do que um palco tradicional permitiria. Onde é possível, o Bon Jovi toca em noites consecutivas no mesmo local para cortar gastos. Fazendo 12 shows em 19 dias na O2 arena em Londres, a banda economizou 300.000 dólares.
"Não foi uma decisão consciente ficar contando moedinhas. Acho simplesmente que é sábio ser eficiente", disse Bon Jovi. "Sei de grandes bandas que cada uma delas tem seus assistentes pessoais na estrada, cada delas tem um segurança. Não temos um segurança. Carregue suas próprias malas!"
Quanto aos rendimentos, os fãs da banda nos EUA provêem uma renda doméstica média de 78.989 dólares, sensivelmente mais alta do que a média para os 350 grupos musicais avaliados constantes do bando de dados da empresa de pesquisa Brand Link. A diferença econômica entre os fãs do Bon Jovi e daqueles de, por exemplo, Justin Bieber (71.389) ou Metallica (71.089) é mais do que suficiente para cobrir itens especiais caros como o Crush Package, que vem com um saco de regalias, incluindo souvenires, litografias autografadas e assentos de primeira fileira que você pode dobrar e levar para cada após o show. O custo médio desse tratamento VIP é de 2.550 dólares por casal; alternativas mais baratas chegam a 450 dólares. O Bon Jovi vende uma média de 600 pacotes especiais individuais por show.
Apesar de ingressos normais custarem 20 dólares, esses pacotes elevam o preço médio do Bon Jovi para 95 dólares, em torno de 50% mais alto do que de artistas como Dave Matthews Band (59) e Black Eyed Peas (63). Os shows do Bon Jovi tem em torno de 20 alternativas diferentes de preço, incluindo pacotes especiais; em uma turnê recente o AC/DC ofereceu apenas uma.
"Jon é um homem de negócios", disse o empresário David Munns. "Ele sabe o que é necessário para ter um show de grande qualidade, mas ele também sabe como ser eficiente com dinheiro."
Nascido em 1962 em Perth Amboy, N.J., uma rústica cidade portuária ao sul de Nova Iorque, Bon Jovi decidiu ser um rock star aos 13 anos após ver os Doobie Brothers em Erie. Sua chance veio quando ele compôs e gravou a música "Runaway". Ele mandou sua fita para selos de gravadoras mas não recebeu nenhuma resposta. Então em 1983 ele levou seu cassete à WAPP em Long Island, uma estação tão nova que não tinha sem recepcionista ainda. Ele bateu na janela da cabine do DJ e o convenceu a tocar a música. Dentro de meses ela chegou à posição de nº 30 nas tabelas da Billboard. "Aquele mesmo cassete que estava na mesa de todos caras de gravadoras de repente me fez receber ligações", disse ele.
A Mercury Records assinou com o Bon Jovi naquele ano. Ele mudou seu nome que era John Francis Bongiovi Jr. e recrutou o guitarrista Richie Sambora, o baterista Tico Torres, o tecladista David Bryan e o baixista Alec John Such para formar sua banda. Eles ainda estão juntos (exceto Such, que deixou a banda em 1994), mas não é uma parceria igualitária: ele fica com a maior parte dos ganhos, enquanto bandas como o U2 dividem os ganhos igualmente.
O Slippery When Wet, lançado em 1986, assegurou sua carreira. Os hinos "Livin' on a Prayer" e "Wanted Dead or Alive" ajudaram a vender 28 milhões de cópias do álbum no mundo inteiro e ainda recebem aplausos de pé. Nos dois anos que o seguiram, o Bon Jovi fez 480 shows pelo mundo e lançou outro álbum. Em 1992 um Bon Jovi cada vez mais ambicioso pegou os negócios da banda formando o Bon Jovi Management com o produtor de longa data Paul Korzilius – e dispensou o produtor Doc McGhee. "Simplesmente chegou em um ponto em que eu disse 'Não posso te pagar 20% da renda bruta, não dá para enxergar isso'," disse Bon Jovi. "Meus colegas queriam estar na capa da Circus. Eu queria estar na capa da Time."
Desde então a banda produziu sucessos como "It's My Life" em 2000 e "Who Says You Can't Go Home" em 2006. Ano passado a banda lançou o Greatest Hits: The Ultimate Collection, que alcançou a primeira posição nas tabelas da Billboard de rock. Não foi fácil: Em abril o Bon Jovi confirmou que Sambora estaria "ausente nos próximos shows" após o guitarrista se internar em um centro de reabilitação, conforme noticiado.
Mas a turnê segue, pelo menos por agora. "Não sei se quero estar com 68 anos fazendo 140 shows por ano", admite Bon Jovi. Mesmo se a multidão – e os lucros – ainda estiverem lá.
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